Pesquisadores brasileiros desenvolvem vacina para dependentes de crack e cocaína

Foto: Faculdade de Medicina UFMG/Divulgação

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está desenvolvendo uma vacina promissora para tratar a dependência de cocaína e crack. Chamada de Calixcoca, a vacina passou por testes pré-clínicos em ratos, nos quais foram observados anticorpos anticocaína sendo produzidos no organismo dos animais. Agora, os pesquisadores estão em busca de recursos para iniciar estudos em humanos.

Os anticorpos gerados pela Calixcoca, por meio de uma molécula sintética, impediram a passagem da cocaína para o sistema nervoso central, ou seja, para o cérebro. Acredita-se que esse efeito possa interromper a percepção dos efeitos da droga em humanos.

Além do da dependência da droga, a vacina mostrou eficácia na proteção de grávidas, reduzindo abortos espontâneos, proporcionando ganho de peso nos fetos e protegê-los da dependência causada pela mãe. A Calixcoca se mostrou eficaz na transferência de anticorpos através da placenta e do leite materno para os filhotes de ratos vacinados, fazendo eles nasceram sem sinais de abstinência e apresentando menor sensibilidade à cocaína em comparação com os filhotes dos animais não vacinados.

Diferencial

Enquanto outras instituições nos Estados Unidos estão desenvolvendo vacinas semelhantes para o tratamento de dependência química, a Calixcoca se destaca por utilizar uma molécula sintética inovadora, o que facilita a produção e a logística de distribuição, não exigindo condições de refrigeração. Os pesquisadores da UFMG já receberam contatos de outros países interessados em estabelecer parcerias.

A plataforma utilizada pela vacina também tem potencial para auxiliar no tratamento da dependência de outras drogas, como opioides e metanfetaminas. A equipe está em busca de recursos para desenvolver essas vacinas adicionais.

A vacina é uma das finalistas do Prêmio Euro de Inovação em Saúde – América Latina, oferecido pela Eurofarma. O vencedor receberá 500 mil euros, e outros 11 premiados terão 50 mil euros para dar continuidade às suas pesquisas.