Foto: Reprodução/Corinthians TV
Após anunciar a contratação de Cuca na quinta-feira (20), o Corinthians sofreu grande rejeição por parte de sua torcida. Por conta de condenação de violência sexual contra menor de idade na Suíça, em 1987, torcedores se mobilizaram nas redes sociais e protestaram na frente CT do clube contra a contratação do técnico. Apresentado nesta sexta (21), o treinador negou o caso, como de costume, mas foi desmentido pelo jornalista Wanderley Nogueira, que detalhou a condenação do ex-jogador e seus companheiros.
Tu Viu?
Villasanti, do Grêmio, tem cirurgia bem sucedida após três fraturas no rosto
Polícia responsabiliza adolescente de Maquiné por apologia ao nazismo e ato análogo a terrorismo
“É um tema delicado pessoal meu. […] Tenho muito vaga lembrança de tudo que aconteceu.” Foi assim que Alexi Stival, conhecido como Cuca, iniciou sua resposta ao ser questionado sobre a condenação de violência sexual na década de 80, quando era jogador do Grêmio. Apresentado nesta quinta no CT Joaquim Grava, não demorou muito para o assunto mais debatido da semana vir à tona por parte dos jornalistas: logo na primeira pergunta, o treinador foi questionado sobre o caso.
“Nós iríamos jogar uma partida e um pouco antes subiu uma menina para o quarto. Eu estava com mais três jogadores, era um quarto duplo com duas camas de casal em “L”. Essa foi a minha participação no caso. Eu sou totalmente inocente.” – disse Cuca
Em sua versão dos acontecimentos, o treinador nega qualquer tipo de envolvimento sexual, de sua parte, com a jovem de 13 anos. Na resposta, Cuca deu a entender que algum (ou alguns) de seus companheiros de quarto, sem revelar nomes, teria engajado de forma consensual com a jovem, mas negou em todos os momentos que teria participado dos atos. Em nenhum momento o ex-jogador deu detalhes do acontecimento, se esteve presente no momento ou ao menos ciente do caso, e foi o mais vago o possível sobre os fatos. Confira a declaração completa:
Contudo, não é desta forma que a Justiça do país europeu definiu o envolvimento de Cuca no caso. Na época, dois anos após ter passado quase um mês preso na Suíça junto com os colegas de equipe Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castold, saiu o veredito do julgamento. Fernando foi o único absolvido do caso, enquanto os demais foram condenados a 15 meses de prisão e multa de 8 mil dólares por atentado ao pudor com uso de violência, segundo o GE. Contudo, como já estavam no país natal, nenhum dos jogadores cumpriu a pena visto que o Brasil não extradita cidadãos de nacionalidade brasileira.
Também na quinta-feira (20), Wanderley Nogueira trouxe detalhes do julgamento em programa da Jovem Pan. O jornalista citou o pronunciamento do advogado do Grêmio da época, responsável pelo caso: tratava-se de Luiz Carlos Silveira Martins, mais conhecido como Cacalo, que viria a se tornar presidente do clube anos depois.
Na leitura de Wanderley de uma edição da Zero Hora de 1987, o jornalista citou o depoimento de Cacalo ao jornal sobre o caso. Nele, o advogado admite, em diferentes níveis, envolvimento sexual de três dos quatro jogadores envolvidos no caso, sem especificar os nomes de cada um, definindo o quarto indivíduo como um “observador conivente”. Confira:
Na versão do Corinthians, o clube afirma que conduziu uma investigação própria sobre o caso. Segundo Marcelo Braga, do GE, Cuca já foi alvo de interesse de contratação do presidente Duílio em 2022, quando Sylvinho deixou o comando da equipe, e na época o dirigente encomendou uma investigação particular a respeito do caso. Desde então, a diretoria do Corinthians esteve reunindo evidências sobre o ocorrido e chegou em uma conclusão própria de que a versão do treinador estaria retratando a verdade.
Ainda assim, parte da torcida corintiana não aprovou a vinda do treinador. Durante a apresentação de Cuca, torcedores foram na porta do CT da equipe protestar contra a contratação.