Boate Kiss: bares e casas noturnas de Santa Maria não abrem em respeito aos 10 anos da tragédia

Boate Kiss: bares e casas noturnas de Santa Maria não abrem no aniversário de 10 anos da tragédia

(Créditos: Fernando Frazão / Agência Brasil)

Dez anos de um dos dias mais triste da história do Rio Grande do Sul. Nesta sexta-feira (27), em respeito à tragédia da Boate Kiss, bares e casas de festas de Santa Maria não vão abrir as portas. E esse é apenas um dos atos previstos para relembrar a morte das 242 pessoas , e os mais de 600 feridos, em 27 de janeiro de 2013, na Rua dos Andradas, no Centro do município da Região Central.

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A programação começou na noite desta quarta-feira (25), com a colagem de frases e fotografias, compondo um caminho da Praça Saldanha Marinho, até o prédio onde funcionava a Kiss. Até o sábado, estão previstos atos como vigílias, soltura de balões, painéis de discussão e homenagens às vítimas. A ações foram organizadas pela Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), em conjunto com o Coletivo Kiss: Que Não Se Repita e o Eixo Kiss do Coletivo de Psicanálise de Santa Maria.

Programação 10 anos da Tragédia da Boate Kiss – Santa Maria

Dia 25, quarta-feira

• 19h – Intervenção de colagem de frases e fotografias compondo um caminho da Praça Saldanha Marinho até o prédio onde funcionava a boate Kiss. Concentração na Tenda da Vigília (em frente ao Banrisul);

Dia 26, quinta-feira

• 14h – Coletiva de imprensa no auditório da Sedufsm (Rua André Marques, 665);

• 16h – Acolhida;

• 18h – Abertura;

• 18h30 – “10 anos da AVTSM”, com Adherbal Ferreira, (pai de Jhenifer e ex-presidente), Flávio Silva (pai de Andrielle e ex-presidente) e Gabriel Rovadoschi (sobrevivente e presidente da associação);

• 19h30 – “Aniversariando ausências”, com Fabrício Carpinejar (poeta e cronista gaúcho);

• 21h – Exibição do 1º episódio do documentário “Boate Kiss – A Tragédia de Santa Maria” (Globoplay) e painel com atividades simultâneas para aqueles que não quiserem assistir;

• 22h – Vigília e ações de homenagem em frente ao prédio em que funcionava a boate;

Dia 27, sexta-feira

• 10h – Abertura e culto ecumênico;

• 13h45 – Soltura dos balões;

• 14h – “Mães y Madres: Kiss e Cromañón”, com Nilda Gomez (Familias Por La Vida – Argentina) e Mães da AVTSM;

• 15h30 – “O Caso Kiss: até quando a justiça vai servir à impunidade?”, com Tâmara Soares (advogada que representa a AVTSM no litígio internacional), Paulo Carvalho (pai do Rafael e diretor jurídico da AVTSM) e Pedro Barcellos Jr (advogado que representa a AVTSM no processo penal);

• 17h – “Por que prevenção vale a pena?”, com Antonio Berto (pesquisador chefe do Laboratório de Segurança ao Fogo e a Explosões no Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT) e Rogério Lin (superintendente da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e membro da Associação Brasileira de Proteção Passiva Contra Incêndio – ABPP);

• 19h – 10 anos do ‘‘Kiss: que não se repita” – apresentação da campanha “Tempo Perdido”;

• 20h30 – “Por que contar essa história 10 anos depois?”, com Daniela Arbex (jornalista e autora do livro “Todo Dia A Mesma Noite: A História Não Contada Da Boate Kiss”) e Marcelo Canellas (jornalista e diretor da série “Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria”);

• 22h – Encerramento com Juliana Pires (cantora santa-mariense);

Dia 28, sábado

• 20h – Missa em homenagem aos 242 jovens – Basílica Nossa Senhora Medianeira.

Repercussão Nacional

Para marcar a data em âmbito nacional, duas grandes plataformas de streaming programaram as estreias de suas séries sobre o incêndio para esta semana. Os dois títulos, com cinco episódios cada, já estão disponíveis na Netflix e na Globoplay, mediante assinatura.

Todo Dia a Mesma Noite – Netflix

A série da Netflix “Todo dia a Mesma Noite”, é uma obra de ficção sobre os acontecimentos daquela noite e seus desdobramentos. A produção é baseada no livro de mesmo nome, da jornalista  Daniela Arbex.

A trama acompanha familiares das vítimas e a busca  por justiça. Além disso, a série se propõe a  mostrar um retrato sobre o  sistema judiciário, abordando as etapas do julgamento, que acabou sendo anulado, e a dor da impunidade.

Assista ao trailer

Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria – Globoplay

Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria está disponível para assinantes da plataforma GloboPlay. O documentário é composto por cinco episódios produzidos a partir do trabalho do jornalista gaúcho Marcelo Canellas.

A obra mostra os acontecimentos que levaram à morte dos jovens, e mostra as reviravoltas do  processo judicial. O final da produção, que seria o julgamento, teve que ser modificado, após a anulação do julgamento que condenou os réus.

“É um grande retrato desta trajetória de 10 anos de um grupo de pais e mães que, movidos pelo amor pelos filhos, nunca desistem. Você pode imaginar o cansaço quando, depois de uma década, eles receberam a notícia do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul de que o julgamento não valeu e que tudo vai começar da estaca zero. Mas, mesmo com esta exaustão, não há sinal de que eles vão parar “. Destaca Canellas em entrevista a GZH.

Assista ao trailer

O Incêndio na Boate Kiss

O incêndio aconteceu na madrugada de 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria, na Rua dos Andradas, no Centro da cidade. O fogo começou devido a um artefato pirotécnico aceso durante o show da Banda Gurizada Fandangueira. As faíscas atingiram a espuma que revestia o teto do local, e as chamas rapidamente se espalharam. Ao todo, 242 pessoas, a maioria com idade entre 17 e 30 anos, morreram asfixiados por fumaça tóxica. Além disso, outras 636 pessoas ficaram feridas.

Os quatro réus, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, sócios da boate e Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão, da banda que acendeu o artefato, foram a julgamento em dezembro de 2021. Todos foram condenados de 18 a 22 anos de prisão. Os advogados dos quatro presos alegaram nulidades no processo, e no júri, e entraram com o pedido de anulação do julgamento.

Em 3 de agosto de 2022, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) acolheu parte dos recursos das defesas, e anulou o júri que condenou os quatro réus. Ainda não há definição de quando ocorrerá um novo julgamento.