Miguel Scapin/O Bairrista
A Argentina está enfrentando uma greve geral nesta quarta-feira (24) convocada pela maior central sindical do país em protesto contra as reformas propostas pelo presidente Javier Milei. A Confederação Geral do Trabalho (CGT) lidera a manifestação, que rejeita as mudanças que limitam o direito à greve e o financiamento dos sindicatos.
O Bairrista mais perto de ti, vivente! Ouça o Notícias na Hora do Mate, o podcast do Bairrista: Clique aqui!
As reformas, conhecidas como “Decretaço“, foram anunciadas por Milei em dezembro de 2023 e abrangem 350 normas em várias áreas. No entanto, a oposição no Congresso obrigou o governo a cortar 141 dos mais de 600 artigos do decreto, que foi reenviado para análise dos deputados.
A greve, que deve começar às 12h (horário de Brasília), procura reunir trabalhadores de diferentes setores, incluindo ferroviários, taxistas, portuários, trabalhadores do setor aeronáutico e funcionários de estatais. A manifestação é vista como um protesto simbólico da CGT, que tem ligações com o peronismo e é uma oposição declarada ao governo de Milei.
Além das reformas trabalhistas, os sindicalistas também se opõem à chamada “Lei Ônibus“, que inclui privatizações e mudanças econômicas e contratuais. Se aprovada, a lei concederá ao Executivo poderes legislativos abrangentes e estabelecerá um “estado de emergência” em vários setores até 31 de dezembro de 2025.
O governo de Milei não compreende os motivos da greve e tentou desencorajar a participação, ameaçando descontar o dia de trabalho dos funcionários federais e prometendo processar os grevistas. No entanto, os analistas acreditam que a greve não deve afetar as negociações de Milei no Congresso, pois a oposição peronista, que aderiu aos protestos, não participa das conversas.
Para reduzir a resistência dos deputados, Milei enviou um projeto revisado ao Congresso, excluindo a petrolífera YPF da lista de privatizações e fazendo recuos em várias áreas, como aposentadorias, exportações e sistema eleitoral. A pressão também levou o presidente a reconsiderar os cortes de verbas para a indústria cinematográfica, com o apoio de figuras como Pedro Almodóvar, Alejandro González Iñárritu e Aki Kaurismäki em defesa do cinema argentino. A greve deve continuar até a meia-noite e a Suprema Corte deve avaliar a constitucionalidade das reformas em fevereiro.