Polícia investiga criminosos que desbloqueiam aplicativos de bancos após roubarem celulares

Polícia investiga criminosos que desbloqueiam aplicativos de bancos após roubarem celulares
(Créditos: Reprodução / RBS TV)

A Polícia Civil investiga uma nova modalidade criminosa, na qual os ladrões realizam o desbloqueio dos aplicativos de bancos após roubarem celulares. Conforme reportagem do jornalista Giovani Grizotti, da RBS TV, os roubos ocorrem justamente para utilizar os aplicativos e fazer transferências. A Delegacia de Crimes Informáticos de Porto Alegre ainda não sabe como os criminosos conseguem driblar as etapas de segurança, e fazer as transações.

De acordo com o  delegado Tiago Albeche, em entrevista à RBS TV, provavelmente, está havendo a utilização de equipamentos capazes de fazer o desbloqueio. Além disso, os bandidos contam com  alguma falha na segurança, deixada, involuntariamente, pela própria vítima.

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Vítimas

A reportagem da RBS TV identificou algumas vítimas. Uma delas é um comerciante de Estância Velha, na Região Metropolitana. O homem teve o aparelho furtado depois de estacionar o carro, para almoçar, em um restaurante de Sapiranga.

Quando retornei, questão de 10 minutos, para buscar o celular, me deparei com o vidro do carro quebrado. Achei que tinha deixado o carro aberto, mas olhei, e o vidro estava no chão. Procurei o celular e a carteira não estavam mais.”, contou ao repórter.

Mesmo após tomar algumas medidas, como ligar para a operadora e bloquear o número, no dia seguinte, o celular foi ligado. O sinal do rastreador indicou a Região Central de Porto Alegre.

Acabaram tirando um valor de R$ 50 mil da nossa conta. Dez minutos depois que saiu o dinheiro da nossa conta, corremos até o banco, falamos com o gerente. Ele falou que não poderia bloquear os valores“, relata o comerciante que possuía sistema de reconhecimento facial e senha de seis dígitos no aparelho.

Outro caso semelhante aconteceu com uma psicóloga de Porto Alegre. Ela estava em Capão da Canoa, no Litoral Norte, e, também, esqueceu o celular no carro. Segundo ela,  os ladrões acessaram os aplicativos bancários e fizeram um empréstimo. O total do prejuízo chegou a R$ 20 mil.

Eles entraram em um dos [aplicativos de] bancos que estavam no meu telefone e fizeram dois empréstimos em meu nome. Fizeram também transferências via Pix”, relata a mulher, que também tinha cadastrado reconhecimento facial no celular, contou em entrevista à RBS TV.

Nota da Febraban:

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) orienta que as vítimas notifiquem imediatamente o banco, para a adoção de medidas adicionais de segurança. A Febraban também recomenda o registro de ocorrência policial. O ressarcimento de quantias roubadas dependerá da política de análise e devolução de cada banco.

“A Febraban está atenta ao problema do roubo de celulares, que é uma questão de segurança pública, e a todos os temas relacionados à segurança, como também aos crimes de sequestros, ainda que eles não tenham origem no sistema financeiro, particularmente em seus reflexos nas transações bancárias, na segurança de seus clientes e com o uso do Pix.

Os bancos atuam em parceria com forças policiais para auxiliar na identificação e punição de criminosos. A Febraban também alerta que os bancos possuem funcionalidades em seus aplicativos que permitem que o cliente ajuste os limites transacionais no celular para valores de sua conveniência, seguindo à risca as instruções normativas do Banco Central – n° 20, de 25/9/2020 e n° 71 de 21/1/2021 -, que tratam sobre o tema.

A Febraban incentiva que os clientes utilizem esta funcionalidade em seus aplicativos para ajustar os limites de acordo com suas necessidades e segurança.

Também informamos que os aplicativos de bancos são seguros e dados de uso não ficam armazenados nos aparelhos. Os aplicativos contam com o máximo de segurança em todas as suas etapas, desde o seu desenvolvimento até a sua utilização. Não há registro de violação da segurança desses aplicativos, os quais contam com o que existe de mais moderno no mundo para este assunto. Para que os aplicativos bancários sejam utilizados, há a obrigatoriedade do uso da senha pessoal do cliente. Além disso, as transações estão protegidas por token, biometria facial ou qualquer outro fator de segurança randômica que o banco do cliente ofereça.

Os bancos investem cerca de R$ 30 bilhões por ano em tecnologia, sendo que deste total, 10% são voltados para a cibersegurança. A Febraban também informa que as áreas de prevenção a fraudes dos bancos monitoram e bloqueiam transações suspeitas de clientes.

No caso de o cliente ter sido vítima de algum crime, ele deve notificar imediatamente seu banco para que medidas adicionais de segurança sejam adotadas, como bloqueio do app e senha de acesso, e fazer um boletim de ocorrência.

Sobre ressarcimento, informamos que cada instituição financeira tem sua própria política de análise e devolução, que é baseada em análises individuais, considerando as evidências apresentadas pelos clientes e informações das transações realizadas.”

Como se proteger?

Especialistas recomendam não repetir senhas, além de criar camadas extras de proteção, como autenticação por dois fatores, que exige um segundo código.

O ideal é manter o mais atualizado possível, jamais negligenciar atualizações é um ponto de partida. Senhas, evitar repetir senhas. Se a senha numérica que desbloqueia o celular é a mesma de algum app, por uma questão de comodidade, é uma péssima estratégia. O ideal é variar essas senhas. Biometria sempre e sempre que possível, autenticação de dois fatores“, recomenda o especialista em tecnologia, Ronaldo Prass, entrevistado na reportagem.