(Créditos: Reprodução/TJ-RS)
Integrantes da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) estão fazendo uma vaquinha virtual para pagar os custos de viagem até Brasília. O grupo pretende fazer uma vigília – como a que foi feita em Porto Alegre – para pedir que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) priorize a análise dos recursos que questionam a anulação do júri dos réus do caso.
A vaquinha foi criada na segunda-feira (6) e tem como meta R$ 200 mil. A expectativa é que cerca de 25 familiares se desloquem até Brasília. O valor arrecadado será usado com transporte, alimentação e estadia para os parentes de vítimas em vigília. Até esta quarta-feira (8), as doações somavam R$ 4,6 mil.
De acordo com o conselheiro da AVTSM, Flávio Silva, 62 anos, pai de uma das vítimas, o objetivo é pedir que os recursos sejam julgados o quanto antes.
“O que nós queremos é que o STJ dê prioridade para este caso, que já se arrasta por tantos anos. Nossa vigília não será para reverter o resultado (da anulação do júri), não queremos a defesa dos reús dizendo que o processo foi decidido com base na pressão ou comoção de familiares. Queremos um desfecho para o caso, por isso a vigília vai cobrar a prioridade”, disse Silva, à GZH.
A jornalista Daniela Arbex, autora do livro Todo Dia a Mesma Noite, sobre a tragédia, fez um vídeo divulgando a arrecadação da Associação. A obra de Arbex acompanha os familiares das vítimas na busca por justiça e foi a base para a série, de mesmo nome, da Netflix.
Os Recursos
Os recursos do Ministério Público do RS (MPRS), para reverter a anulação do julgamento da Boate Kiss , foram admitidos na quarta- feira (01), pela Justiça gaúcha. Dessa maneira, agora, a decisão sobre a manutenção, ou não, da condenação dos quatro réus, ficará a cargo do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF).
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A análise dos recursos, por parte da Justiça gaúcha, teve acompanhamento de perto pelos integrantes da (AVTSM). Uma vigília foi feita, em frente à sede do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS), no Centro de Porto Alegre, em 27 de fevereiro. No dia seguinte, os familiares, que permaneceram no local, tiveram um encontro com o 2° Vice-Presidente do TJRS, Desembargador Antônio Vinícius Amaro da Silveira.
O Julgamento
Os quatro réus, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, sócios da boate e Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão, da banda que acendeu o artefato, foram a julgamento em dezembro de 2021. Todos receberam condenações entre 18 a 22 anos de prisão. Os advogados dos quatro presos alegaram nulidades no processo, e no júri, e entraram com o pedido de anulação do julgamento.
Em 3 de agosto de 2022, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) acolheu parte dos recursos das defesas, e anulou o júri que condenou os réus.
Incêndio na Boate Kiss
O incêndio aconteceu na madrugada de 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria, na Rua dos Andradas, no Centro da cidade. O fogo começou devido a um artefato pirotécnico aceso durante o show da Banda Gurizada Fandangueira. As faíscas atingiram a espuma que revestia o teto do local, e as chamas rapidamente se espalharam. Ao todo, 242 pessoas, a maioria com idade entre 17 e 30 anos, morreram asfixiados por fumaça tóxica. Além disso, outras 636 pessoas ficaram feridas.