(Foto: Divulgação/Ministério da Saúde)
O estudo que mede a eficácia da vacina contra a dengue, realizado pelo Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), no Sul do Estado, imunizou o primeiro voluntário na tarde de ontem (8). O HE segue em busca de pessoas para participarem.
Com o propósito de auxiliar no combate da doença e para ajudar o próximo, o profissional de Educação Física, Juliano Farinha, 31, foi a primeira pessoa do Estado a receber a proteção contra a dengue. Os quatro sorotipos do imunizante (2, 3, 4 do vírus), assim como um placebo, estão sendo testados.
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Saiba mais sobre o estudo
O imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan está na etapa final de estudo, quando ocorrem as aplicações em adultos para a avaliação. Podem participar pessoas entre 18 e 59 anos, que nunca contraíram o vírus e não possuem doença crônica mal controlada. Estão vetadas mulheres gestantes e lactantes, ou que desejam engravidar nos próximos três meses.
Os voluntários participarão da terceira etapa do estudo, o ensaio clínico 3. Até o momento, foi identificado que, com a vacina, produz anticorpos em 100% das pessoas que já tiveram contato com a doença. Nas que nunca tiveram dengue a eficácia ficou em 90%.
Foi comprovado, também, que somente uma dose do imunizante é capaz de proteger contra os quatro subtipos de dengue. A vacina em teste também se mostrou segura e sem efeitos adversos graves.
A inscrição para participar do estudo pode ser feita através deste formulário.
O Butantan anunciou, em maio, a participação do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas juntamente com o Hospital São Lucas da PUCRS, de Porto Alegre. Está previsto o recrutamento de 700 participantes nas duas cidades.
A dengue é uma doença infecciosa viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que causa febre alta, dores no corpo, dor de cabeça e náuseas.
O Ensaio Clínico 3
Os voluntários receberão uma dose do imunizante, ou de placebo, e serão acompanhados. Os pesquisadores vão avaliar a eficácia da vacina contra a dengue, comparando os títulos de anticorpos neutralizantes medidos no 28º dia após a aplicação.
Segundo o Butantan, a vacina usa a técnica de vírus enfraquecidos, que induzem a produção de anticorpos, sem causar a doença. Ela será tetravalente e vai proteger a população dos quatro tipos de dengue. A estimativa do instituto é que a vacina esteja disponível em três anos.
De acordo com o diretor médico do Instituto, Wellington Briques, a pesquisa precisa ser realizada em uma população minimamente exposta ao vírus da dengue, como acontece nas cidades gaúchas, mesmo que os números de casos tenham aumentado neste ano.
“No Sul é onde a gente tem uma maior probabilidade de achar pessoas que nunca foram expostas ao vírus da dengue e, com isso, conseguimos avaliar a resposta imune da vacina. Essa resposta imune vai mostrar se os diferentes lotes da vacina são equivalentes entre si e, em conjunto com os dados do estudo principal, demonstrar se a vacina impede a pessoa de ter uma dengue sintomática”, afirma Briques.
Casos confirmados de dengue aumentaram 6 vezes no RS
Os números atuais da dengue no Estado mostram 65.895 casos confirmados em 2022, segundo o painel de monitoramento do Governo do RS, atualizado nesta sexta-feira (04). Em todo o ano passado, as confirmações da doença somaram 10.591. As mortes também aumentaram na mesma proporção. Enquanto em 2021, 11 pessoas morreram de dengue no Estado, neste ano, já são 66.
A Vacina contra a Dengue
Desde 2008, o Instituto Butantan se dedica a estudos sobre a vacina contra a dengue, em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos. O ensaio clínico de fase 3, que prevê o teste em humanos, está em andamento desde 2016.
Atualmente, a única vacina contra a dengue, disponível no Brasil, é a Dengvaxia, fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. O imunizante é vendido na rede privada e não está disponível no Programa Nacional de Imunizações, do Governo Federal.
Todavia, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária Brasileira e a OMS, a Dengvaxia não deve ser tomada por quem nunca teve a doença, por entender que o imunizante é considerado seguro apenas para aqueles que já foram infectados. O argumento é embasado em estudos preliminares que indicaram formas graves da doença, após a aplicação da vacina em pessoas que nunca tinham sido contaminadas.