Lula compara ações de Israel na Faixa de Gaza com Holocausto e é declarado ‘persona non grata’ pelo país

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerou controvérsia ao comparar as ações de Israel na Faixa de Gaza com um “genocídio”, similar ao Holocausto perpetrado pelos nazistas. Durante uma entrevista em Adis Abeba, Etiópia, onde participava da 37ª Cúpula da União Africana, Lula fez comentários que foram prontamente criticados pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) e pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

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A Conib expressou repúdio, classificando as palavras de Lula como uma “distorção perversa da realidade”. Netanyahu, por sua vez, considerou as declarações “vergonhosas e graves”, anunciando a convocação do embaixador brasileiro em Israel para uma repreensão oficial.

Lula abordou o tema após questionamentos sobre a suspensão de repasses financeiros à UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, por alguns países, em resposta a acusações de envolvimento de funcionários da agência com o Hamas. O presidente brasileiro defendeu a continuação da ajuda humanitária, enfatizando a necessidade de investigação de eventuais erros sem prejudicar a assistência a refugiados.

Reafirmando a condenação ao Hamas pelo Brasil, Lula expressou solidariedade ao povo palestino e criticou o que considera uma resposta desproporcional de Israel na Faixa de Gaza. Ele também defendeu a criação de um Estado palestino soberano e reformas no Conselho de Segurança da ONU.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República reiterou a condenação aos atos terroristas do Hamas por parte de Lula e sua oposição às ações desproporcionais que afetam civis em Gaza.

Após as declarações que equipararam as operações israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto nazista, Israel oficializou Lula como persona non grata, um termo latino que designa indivíduos “não bem-vindos” ou “não agradáveis” em contextos diplomáticos.

O ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, expressou nas redes sociais que Lula não será recebido em Israel até que se desculpe por suas declarações controversas. A decisão de Katz veio à tona após uma reunião com o embaixador brasileiro em Israel, realizada no Yad Vashem, o memorial do Holocausto em Jerusalém, dedicado às vítimas da tragédia.

Leia a íntegra da nota divulgada pela Conib:

A Conib repudia as declarações infundadas do presidente Lula, comparando o Holocausto à ação de defesa do Estado de Israel contra o grupo terrorista Hamas. Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu. Essa distorção perversa da realidade ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes. O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A Conib pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país.