Foto: Arquivo Público de SP
Após 70 anos do falecimento de Graciliano Ramos, um dos pilares da literatura brasileira, sua obra entra em domínio público e ganha novas edições. Conhecido por sua prosa direta e pela crítica social em “Vidas Secas”, o escritor alagoano terá seus romances, memórias e textos, incluindo inéditos, reintroduzidos ao público em novas roupagens.
A editora Todavia lidera um dos projetos mais ambiciosos, com o especialista Thiago Mio Salla à frente da organização da coleção, trazendo ao público “Angústia”, o romance mais publicado de Graciliano em vida, e “Os Filhos da Coruja”, um texto juvenil inédito baseado em uma fábula de La Fontaine. Este último, descoberto recentemente, traz uma abordagem mais política, refletindo o contexto sertanejo nordestino.
O Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, onde Mio Salla coordena projetos relacionados ao acervo de Graciliano, foi o local da descoberta do manuscrito de “Os Filhos da Coruja”. O texto, que originalmente narrava a história de uma coruja protetora, recebe uma interpretação política na versão de Graciliano, incentivando a conscientização e a defesa contra os “gaviões” da sociedade.
“Angústia” e “Vidas Secas” também serão relançados pela Todavia, com análises do renomado crítico literário Antonio Candido, que escreveu resenhas para cada obra do autor durante sua vida. Estes comentários, publicados originalmente no Diário de São Paulo, serão compilados em livro pela primeira vez.