Imagem: Reprodução/Internet
A Polícia Civil afirmou, nesta terça-feira (18), que houve crime de racismo no caso envolvendo o cantor Seu Jorge, em Porto Alegre. A delegada responsável pelo caso, Andrea Mattos, falou sobre um vídeo de celular, analisado na investigação, em que é possível ouvir algumas ofensas.
“Eu ouvi ‘macaco’ e sons imitando esse animal. Sem sombra de dúvidas, isso configura o crime de racismo,” disse .
Assista ao vídeo
As autoridades aguardam as imagens das câmeras do clube e a identificação dos organizadores do evento. Segundo a delegada, testemunhas também serão ouvidas na busca pelos autores das ofensas. O presidente do Grêmio Náutico União, Paulo José Kolberg Bing, já foi intimado, e será o primeiro a ser ouvido.
Nesta manhã, em entrevista a Rádio Gaúcha, ele disse que estava no evento, mas não ouviu agressões ao cantor. Entretanto, admitiu ter escutado vaias.
“ Ele tinha 100% de aprovação do público. O público tava na mão dele, cantando e dançando. Foi uma integração total. Daí, mais no final do show, se viu que aconteceu alguma coisa,” relatou o dirigente.
Bing afirmou, ainda, que nos registros, de áudio e de video, não há nenhuma agressão ao artista documentada. O presidente do GNU também negou que houvesse qualquer orientação para que os funcionários do clube não abordassem o artista. A afirmação foi feita, ontem, pelo cantor, em sua primeira manifestação após o show.
” Isso não procede. Totalmente improcedente! Nunca se teve esse tipo de orientação. Não sei de onde surgiu essa versão.” falou.
Ele também desmentiu boatos sobre o show não ter sido pago por uma eventual quebra de contrato, e afirmou, ainda, que o clube está colaborando com a investigação para que os responsáveis possam ser identificados e punidos.
” Vai ser feita uma apuração rigorosa! Nós não compactuamos com qualquer ato de racismo, de homofobia, e de qualquer preconceito politico. Nosso clube é apolítico”, finalizou.
Entenda o caso
Seu Jorge se apresentou no clube Grêmio Náutico União, no Bairro Petrópolis, na última sexta-feira (14), em um evento para a reinauguração de um dos salões, recentemente reformado. Havia sócios e não sócios presentes, e os ingressos custavam entre R$450 e R$ 650, com direito a um jantar.
Uma empresária, que estava no show, relatou à Rádio Gaúcha, que as manifestações começaram quando o cantor chamou ao palco Pedrinho da Serrinha, considerado um talento na prática do cavaquinho. Ao receber o adolescente de 15 anos, Seu Jorge falou sobre as dificuldades de ser negro no Brasil, e mencionou a questão da maioridade penal. Segundo a mulher, de 50 anos, que não quis se identificar, não houve defesa a nenhum candidato político.
O Portal Uol afirma, ainda, que testemunhas ouviram o artista sendo chamado de “safado” e “vagabundo” , além de sons de macaco. Um advogado disse, à reportagem de GZH, que viu o cantor fazer um gesto, interpretado por alguns presentes como uma referência ao candidato Lula.
O GNU divulgou uma nota, no domingo (16), garantindo que os fatos serão apurados internamente, e que repudia qualquer tipo de discriminação. O texto é assinado por Paulo José Kolberg Bing, presidente do clube.