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Um vistoriador do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) foi preso sob a acusação de receber suborno para facilitar os processos de regularização de veículos. A prisão ocorreu no Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA) de São Leopoldo, onde o esquema ilícito estava em andamento. Segundo as autoridades, o esquema vinha ocorrendo desde junho de 2022 e já foram identificados dez casos, podendo chegar a 61.
De acordo com o delegado Augusto Zenon, em declaração ao G1, os envolvidos cobravam entre R$ 800 e R$ 1,8 mil para agilizar a regularização veicular no CRVA. O vistoriador, que era responsável por muitos dos casos, facilitava os processos relacionados a questões como pintura, rodas, identificação de chassi, motor e transferência de unidade federativa. Há suspeitas de que o esquema também envolva a regularização de veículos clonados, oriundos de furto ou roubo.
Os dois suspeitos presos responderão por crimes de corrupção ativa e passiva. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em suas residências e no CRVA de São Leopoldo, a fim de coletar provas que possam subsidiar a investigação, apontar a responsabilidade dos envolvidos e identificar outros participantes do esquema.
Após serem detidos, os suspeitos foram encaminhados para uma delegacia de polícia e posteriormente transferidos para uma instituição prisional.
Descoberta do esquema
A investigação teve início após a Polícia Civil receber uma denúncia encaminhada pela corregedoria do Detran. Um indivíduo residente no Paraná adquiriu um veículo no Rio Grande do Sul e, ao tentar fazer a transferência, foi informado pelo Detran paranaense que, devido a problemas no documento de origem, a regularização deveria ser feita no Detran gaúcho. Esse indivíduo enviou uma vistoria lacrada ao antigo proprietário, que reside em Novo Hamburgo e tentou realizar o procedimento no CRVA, sem sucesso.
Diante disso, o antigo proprietário procurou um despachante, que apresentou um orçamento para a realização do serviço, envolvendo a correção de dados de identificação, substituição das placas e um valor adicional a ser repassado ao vistoriador do CRVA para garantir a regularização do veículo.
Ao perceber que se tratava de uma prática ilegal, o morador do Paraná denunciou o caso à corregedoria do Detran, que acionou a polícia para cumprir os mandados de busca e apreensão na residência e no escritório do despachante. Durante a busca, um telefone celular foi apreendido, contendo mensagens de áudio e texto trocadas entre o despachante e o vistoriador do CRVA. Essas mensagens não apenas confirmavam a denúncia, mas também revelavam outras práticas ilícitas, como transferências bancárias do despachante para familiares do vistoriador e a existência de uma conta conjunta entre os dois para empréstimos com juros a terceiros.
A operação policial teve como objetivo combater esse esquema fraudulento de regularização de veículos, garantindo a integridade e a transparência dos processos no Detran.