Operação resgata 82 pessoas em condições análogas à escravidão em Uruguaiana

Homens foram resgatados em condições análogas à escravidão em Uruguaiana, em lavouras de arroz. 11 eram adolescentes de 14 a 17 anos
Divulgação/PF

Em uma operação conjunta entre a Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho, 82 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão em Uruguaiana, na Fronteira Oeste do RS. A ação ocorreu na tarde de sexta-feira (10), em duas fazendas de arroz no interior do município. Eles trabalhavam fazendo o corte manual do arroz vermelho e a aplicação de agrotóxicos, sem equipamentos de proteção.

Conforme dados da fiscalização do trabalho, este é o maior resgate já registrado em Uruguaiana. Dos resgatados, todos homens, 11 eram adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. A Polícia Federal informou que eles chegavam a caminhar por jornadas extenuantes antes mesmo de chegarem à frente de trabalho.

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A operação foi realizada após uma denúncia que relatava a presença dos jovens em duas propriedades rurais em Uruguaiana. Pela denúncia, eles trabalhavam sem carteira assinada. Ao chegar no local, além dos adolescentes, a fiscalização encontrou os trabalhadores adultos em situação análoga à escravidão.

Os trabalhadores eram moradores de Itaqui, São Borja, Alegrete e da própria Uruguaiana. Eles faziam o corte manual do arroz vermelho com instrumentos completamente inapropriados. Segundo a PF, muitos usavam apenas uma faca doméstica de serrinha, além de aplicar agrotóxicos com as mãos. Em uma das propriedades, era feita a aplicação de veneno pelo método de “barra”, em que dois trabalhadores aplicam o agrotóxico usando uma barra metálica perfurada conectada a latas do produto – um tipo de atividade que exige equipamentos individuais de proteção.

Homens em condições análogas à escravidão em Uruguaiana caminhavam quase 1 hora até o local de trabalho

Além disso, os trabalhadores muitas vezes precisavam andar 50 minutos em pleno sol até chegar ao local de trabalho. A comida e as ferramentas de trabalho eram por conta dos empregados. Nessas condições, a comida estragava constantemente e os trabalhadores não comiam nada o dia inteiro. Se algum deles adoecesse, teria remuneração descontada.

Os trabalhadores vão receber de imediato três parcelas de seguro- desemprego. Os empregadores serão notificados para assinar a carteira de trabalho dos resgatados e pagar as devidas verbas rescisórias. O MPT vai pleitear depois disso pagamentos de indenizações por danos morais individuais e coletivos. Os trabalhadores foram encaminhados de volta a suas casas.

O empregador foi preso em flagrante por redução à condição análoga à de escravo, conduzido à Polícia Federal e foi encaminhado ao Sistema Penitenciário.