(Créditos: Rovena Rosa / Agência Brasil)
Em duas décadas, o número de mulheres que optaram por adotar o sobrenome do marido, na hora do casamento, caiu 39%, no Rio Grande do Sul. Os dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do RS (Arpen/RS) mostram, ainda, que, em 2022, 68,3% dos casais optaram por manter os nomes de família, sem fazer nenhuma modificação.
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O levantamento da Arpen aponta uma mudança de comportamento a partir da publicação do atual Código Civil, em 2002, que permitiu aos noivos, tanto homens quanto mulheres, a adoção do sobrenome do cônjuge. À época da publicação, 46,1% das mulheres optavam por adotar o sobrenome do marido no RS.
Já em 2022, segundo a Arpen, dos 36.979 casamentos heteroafetivos ocorridos no Estado, 10.372 mulheres quiseram incluir o sobrenome marido, o equivalente a 28,5%. Desse mesmo total de matrimônios, nesse mesmo ano, 0,4% dos homens adotaram o sobrenome da mulher.
No Brasil, a mulher deixou de ser obrigada a adotar o nome do marido, para o casamento, em 1977, com a promulgação da Lei do Divórcio.
Conforme o professor Angelo Brandelli Costa, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS, em entrevista à GZH, a adoção do sobrenome do cônjuge, pela mulher, representava uma ideia de posse, dentro da sociedade.
“Historicamente, a situação que ocorria é que a mulher era vista como uma posse pelo homem nas relações conjugais. Então, a ideia de assumir o sobrenome consolidava a incorporação dessa mulher na família. Ela se tornaria uma peça nesse núcleo familiar, e nunca o contrário. É, sim, um reflexo de um empoderamento progressivo da mulher nas relações conjugais. É um dado promissor para pensar na igualdade de gênero, mas ainda há vários outros muito negativos, como, por exemplo, os números da violência contra as mulheres, principalmente dentro de casa, por parte dos companheiros ou ex-companheiros”, explica.