Divulgação/Câmara de Caxias do Sul
O vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, foi expulso do Partido Patriota nesta quarta-feira (1). A decisão foi tomada após um discurso que o parlamentar municipal fez na Câmara Municipal de Vereadores, nesta terça-feira (28), questionando a repercussão do resgate de empregados em situação de escravidão. Em sua fala, ele também ofendeu os trabalhadores baianos.
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No discurso, Fantinel pediu que os produtores da região “não contratem mais aquela gente lá de cima” e sugeriu que se dê preferência a empregados vindos da Argentina. Segundo o vereador, os trabalhadores do país vizinho seriam “limpos, trabalhadores e corretos”.
Conforme o ofício do partido, o discurso do vereador está “maculado por grave desrespeito a princípios e direitos constitucionalmente assegurados à dignidade humana, à igualdade, ao decoro, à ordem, ao trabalho”. Além disso, o texto afirma que Fantinel se referiu de “forma vil a seres humanos tristemente encontrados em situação degradante” e que essa situação torna inconciliável a permanência do vereador nas fileiras do partido.
Autoridades repudiam o discurso do vereador de Caxias
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, definiu como “xenófobo e nojento” o discurso do vereador caxiense contra o nordeste.
“Não representa o povo do Rio Grande do Sul. Não admitiremos esse ódio, intolerância e desrespeito na política e na sociedade. Os gaúchos estão de braços abertos para todos, sempre.
Nas redes sociais, Leite afirmou que vai buscar as autoridades do estado da Bahia para que visitem o Rio Grande do Sul e acompanhem as atitudes que serão tomadas para banir o preconceito.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) também se manifestou no Twitter:
“”É desumano, vergonhoso e inadmissível ver que há brasileiros capazes de defender a crueldade humana. Determinei, portanto, a adoção de medidas cabíveis para que o vereador seja responsabilizado pela sua fala”, afirmou o governador.”.
As defensorias públicas do Rio Grande do Sul e da Bahia, em nota conjunta, reagiram às falas de Fantinel. As entidades classificaram o discurso como um caso de injúria e difamação.
“O vereador também parece julgar-se maior que o tempo e a história, ao tentar condenar o futuro de nosso país a um passado de privilégios e preconceitos que já não encontram lugar entre nós”, diz a nota.
Nesta quarta-feira (1), a Câmara Municipal de Caxias do Sul divulgou uma nota oficial sobre o assunto onde afirma que não compactua com nenhuma manifestação de preconceito, discriminação, racismo ou xenofobia.
Além disso, o texto ressalta que foi um posicionamento individual do parlamentar e não traduz o pensamento e os valores da instituição e nem da totalidade dos vereadores.
Polícia Civil vai instaurar inquérito
A Polícia Civil de Caxias do Sul instaurou inquérito para apurar as falas do vereador Sandro Fantinel. Conforme o portal GZH, o delegado Rafael Keller, que responde pela 1ª Delegacia de Polícia, encaminhou, nesta quarta-feira (1º), um ofício ao presidente da Câmara de Vereadores, Zé Dambrós, para solicitar as imagens do discuso e o conteúdo do pronunciamento feito na última terça-feira (28). Os documentos foram entregues à polícia no início da tarde.
Vereador de Caxias sugere que empresários não contratem baianos
Em uma manifestação feita na sessão de terça-feira (28), na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul (RS), o vereador Sandro Fantinel, do Partido Patriota, ofendeu os trabalhadores encontrados há cinco dias em condição análoga à escravidão na cidade de Bento Gonçalves.
No discurso sobre os trabalhadores, Fantinel questionou se as empresas terão que colocá-los em “hotel cinco estrelas”. Além disso, o vereador aconselhou que empresários do setor não contratem pessoas da Bahia e as definiu como “um povo que vive na praia tocando o tambor” e “acostumado com carnaval e festa”.
O vereador de Caxias do Sul também destacou que “Os agricultores que têm argentinos trabalhando hoje só batem palma. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantém a casa limpa, e no dia de embora ainda agradecem o patrão pelo serviço prestado e pelo dinheiro que receberam”.
Confira o vídeo na íntegra: