Luto no teatro brasileiro: Morre Zé Celso Martinez

Foto: TV Globo/Reprodução

Morreu nesta quinta-feira (6), José Celso Martinez Corrêa, aclamado dramaturgo, diretor, ator e encenador, aos 86 anos na cidade de São Paulo. Zé Celso foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas após um incêndio em seu apartamento, mas infelizmente não resistiu aos ferimentos.

Zé sofreu queimaduras em 53% de seu corpo, sendo necessário sedação, intubação e ventilação mecânica para o tratamento. Além do dramaturgo, estavam presentes em seu apartamento no bairro do Paraíso, Zona Sul da capital paulista, seu marido Marcelo Drummond, Ricardo Bittencourt, Victor Rosa e o cachorro Nagô. Todos foram mantidos em observação devido à inalação de uma grande quantidade de fumaça.

O Teatro Oficina, em uma comovente postagem nas redes sociais, expressou suas palavras de despedida: “Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo. Nossa fênix acaba de partir para a morada do sol. Amor de muitos. Amor sempre.”

Trajetória

Nascido em Araraquara, interior de São Paulo, em 1937, Zé Celso era conhecido por sua abordagem excêntrica e ousada na montagem de peças teatrais, sempre provocando a audiência.

Ele iniciou sua carreira no final da década de 1950 com duas peças de sua autoria: “Vento Forte para Papagaio Subir” e “A Incubadeira”. Sua influência artística transcendeu os palcos, também deixando sua marca no cinema, com obras como “O rei da vela” e “25”.

Sem medo de experimentar e com um desejo constante de renovação, Zé Celso desafiou atores e público, criando um teatro mais sensorial, sempre inspirado pela realidade política e cultural do país, o Grupo de Teatro Amador Oficina.

Em 1961, o grupo obteve uma sede na Rua Jaceguai, no Centroda cidade de São Paulo, profissionalizando-se e se tornando o renomado Teatro Oficina. Desde 1982, o Teatro Oficina é considerado patrimônio histórico. A companhia é uma das mais antigas em atividade no Brasil.

Os integrantes do Teatro sofreram perseguição durante o regime militar. Em 1974, Zé Celso partiu para o exílio em Portugal após ser detido e torturado por 20 dias. Durante o exílio, apresentou algumas peças e dirigiu o documentário “O Parto”, retornando ao Brasil em 1978.