Foto: Divulgação/realmadrid.com
Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid e confirmado pela CBF para liderar a seleção brasileira, tornou-se objeto de uma investigação pelo Ministério Público da Espanha por ter rotulado a torcida do Valencia de racista.
A denúncia foi feita pela Associação de Pequenos Acionistas do Valencia (APAVCF), uma organização que protege os interesses dos acionistas, associados e fãs do clube, que se sentiram insultados.
O comentário de Ancelotti veio após um dos muitos incidentes de racismo sofridos pelo atacante Vinícius Júnior, desta vez na derrota do Real Madrid para o Valencia por 1 a 0, no Estádio Mestalla. O brasileiro assumiu uma postura de resistência e foi fundamental para acender um debate público sobre o racismo no futebol espanhol e até possíveis mudanças na lei do país. Após o jogo, o técnico italiano afirmou que “o estádio inteiro gritou macaco“, o que provocou desconforto em parte da torcida do Valencia.
“Não quero falar de futebol. Vocês querem falar de futebol? Foi mais que uma derrota. Não parece? Eu sou muito calmo, mas aconteceu algo que não pode acontecer. Um estádio gritando macaco a um jogador, e um treinador pensar em ter que tirá-lo por isso. Algo está muito errado nesta liga. Nada acontece”, afirmou um irritado Ancelotti na ocasião, durante entrevista pós-jogo.
Em seguida, em outra entrevista, o treinador do Real Madrid se retratou. “Peço desculpas, não eram 46 mil (gritando macaco), mas também não eram apenas um ou dois“, afirmou.
Ele também observou que “a Espanha não é racista, mas há, sim, racismo na Espanha“, frase que ecoa uma declaração de Vini Jr., que afirmou que o país está sendo visto globalmente como uma nação racista.
Apesar do pedido de desculpas de Ancelotti, a APAVCF manteve a denúncia. “Ele tratou um estádio inteiro com 46.002 espectadores como racista perante à mídia presente na sala de imprensa do Mestalla“, disse a associação, em comunicado.
“A denúncia apresentada decorre dos enormes prejuízos que foram causados?? Ao clube e aos adeptos. As declarações feitas e o fato de todo o Mestalla ter sido tratado como racista, completamente falsas, ultrapassou fronteiras”.
Agora, cabe ao judiciário espanhol determinar se o comentário do treinador constitui algum tipo de injúria.