Polícia do RS prende oito suspeitos em operação contra esquema de roubo de carros em Porto Alegre

Polícia Civil / Divulgação

Oito suspeitos de envolvimento em um esquema de roubo de carros em Porto Alegre foram presos hoje, de acordo com o site GZH. A operação envolveu cerca de 50 policiais, que cumpriram oito mandados de busca e nove de prisão preventiva. Até o momento, oito suspeitos foram detidos.

Segundo a Delegacia de Roubo de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o grupo atua em diversos locais, mas tem uma preferência pela zona norte da capital gaúcha. Neste trimestre, 70% dos roubos de veículos em Porto Alegre ocorreram nessa região.

A investigação, conduzida pelos delegados Newton Martins Filho e João Vitor Herédia, responsáveis pela chamada “Operação Piscou, Perdeu“, está analisando dezenas de roubos atribuídos à quadrilha. Até o momento, foram confirmados seis casos na Zona Norte. Além disso, foi constatado que os membros do grupo desempenham diferentes funções no esquema, sendo que muitos deles também estão envolvidos no tráfico de drogas e roubo de cargas na Região Metropolitana. A quadrilha faz parte de uma facção que tem sua base no Vale do Sinos.

Os nomes dos presos não foram divulgados, e as autoridades continuam investigando para identificar outras possíveis vítimas. Os delegados afirmam que apenas nove pessoas estão envolvidas no esquema e que todas serão responsabilizadas criminalmente ao final do inquérito, que tem previsão de conclusão nos próximos dias. Motoristas assaltados podem entrar em contato com o Deic pelo telefone 0800 510 2828.

Os delegados destacam que a apreensão de um boné foi crucial para conectar os fatos. Após a prisão de um suspeito que usava uma tornozeleira eletrônica e tinha um boné com a frase “piscou, perdeu”, a polícia descobriu mais assaltos cometidos pela quadrilha. Todas as vítimas relataram que, após terem seus veículos roubados, ouviam essa mesma expressão. Embora essa frase seja comumente usada por revendas de veículos em relação a ofertas rápidas, os criminosos a adotaram como um lema nos crimes.

Tanto motoristas quanto policiais consideram essa forma de agir como uma afronta e um deboche. No entanto, foi esse fato que possibilitou a identificação dos demais suspeitos e a descoberta dos roubos por eles realizados. Segundo o inquérito do Deic, a maioria dos criminosos é de Sapucaia do Sul, mas também há envolvidos de Porto Alegre e São Leopoldo, cidades onde estão sendo cumpridos mandados de prisão e busca.

Modus operandi da quadrilha:

Os delegados explicam que os ladrões, sempre utilizando um veículo, seguiam os carros escolhidos pelas vias da zona norte da capital. No momento oportuno, bloqueavam a frente do automóvel e, pelo menos dois homens armados, desembarcavam do veículo usado como apoio e abordavam as vítimas. Além de ameaças e apontar armas para o motorista, geralmente escolhiam carros com apenas uma pessoa. Agindo rapidamente, mandavam a vítima sair do veículo e, antes de fugirem do local, proferiam a frase “piscou, perdeu”.

Os delegados afirmam que cinco dos suspeitos eram os assaltantes diretos nos roubos. Um deles era considerado o líder do grupo, mas sempre precisava prestar contas ao líder da facção quando repassava os valores roubados. Esse mesmo indivíduo também era responsável por organizar o tráfico de drogas. O sexto e o sétimo suspeitos, além de auxiliarem na clonagem dos veículos, também estavam envolvidos no tráfico de drogas. O oitavo integrante da quadrilha tinha a função de repassar os veículos roubados para outros compradores, atividade também realizada pelo último suspeito identificado.

Tráfico e roubo de cargas:

De acordo com o inquérito da Delegacia de Roubo de Veículos, o dinheiro obtido com a revenda dos carros era utilizado para financiar o tráfico de drogas e armas da facção com base no Vale do Sinos. A maioria dos veículos era vendida para outras quadrilhas, mas alguns carros roubados e adulterados eram repassados para terceiros, com preços bem abaixo do valor de mercado.

Quanto aos roubos de carga, a polícia acredita que os criminosos se passavam por policiais civis para simular barreiras e atacar caminhoneiros. Durante a investigação, um dos suspeitos presos foi encontrado com arma, munição, um bloqueador de sinal GPS e um boné da Polícia Civil.

Os roubos de carga, assim como os de veículos, também ocorriam em Esteio, Alvorada, Estância Velha e Sapucaia do Sul, cidade de origem da maioria dos investigados.