Foto: Arquivo Pessoal/Victórya Leal
Uma jovem de 19 anos da cidade de Osório, localizada no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, se tornou a primeira brasileira a alcançar a posição de finalista em um renomado prêmio internacional de sustentabilidade. Victórya Leal está entre as cinco indicadas ao Global Good Awards, na categoria para jovens até 21 anos.
“Quando abri meu e-mail com a notícia, não consegui conter as lágrimas. Entrar na lista mundial de pessoas que estão mudando o mundo através da sustentabilidade é incrível e, de fato, um reconhecimento para o que tem sido meu propósito de vida: mudar o mundo ao meu redor”, conta a estudante.
O Global Good Awards, atualmente sediado no Reino Unido, reúne anualmente líderes, empresas, organizações e ativistas com o objetivo de promover o desenvolvimento de práticas voltadas para as áreas social, ambiental e de governança. A nomeação de Victórya para esse prêmio reconhece seus projetos inovadores relacionados à economia circular e ao desenvolvimento sustentável.
A estudante revela que começou a desenvolver projetos científicos desde o 8º ano do Ensino Fundamental. No entanto, foi durante o Ensino Médio, durante o período da pandemia, que ela teve a oportunidade de colocar em prática o conceito de economia circular – um modelo baseado em práticas sustentáveis.
Além disso, Victórya criou um modelo matemático para analisar o comportamento dos jovens em relação às práticas sustentáveis. Com base nos resultados obtidos por meio de sua pesquisa, ela desenvolveu um jogo de tabuleiro e um aplicativo.
”Minha avó fazia parte de uma associação feminina local que estava conectada aos brechós da minha comunidade. Acontece que, devido ao isolamento social e não conexão com a tecnologia, ela e essas mulheres perderam o contato entre si e essa fonte de renda. Para resolver esse problema, decidi fazer um aplicativo e-commerce e marketplace para ajudar”, explica a jovem.
Para construir a equação, a estudante contou com a orientação da professora Flávia Twardowski, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), e coletou cerca de 13 mil dados em 14 escolas públicas e privadas da região litorânea gaúcha.
Por meio de um questionário, Victórya apresentou aos alunos entrevistados 26 variáveis relacionadas ao tema. Algumas perguntas abordavam “variáveis de controle”, como renda, gênero e nível de escolaridade. Outras exploravam o conhecimento das pessoas sobre questões ligadas à sustentabilidade. Ao relacionar esses 26 pontos, é possível compreender os fatores que influenciam o comportamento sustentável de cada indivíduo, incluindo práticas como a separação adequada do lixo.
”Eu queria entender o porquê de apenas 7% do mundo ter comportamentos alinhados a essa fantástica economia circular. Foi aí que eu descobri que o motivo era óbvio: falta de educação e conscientização”, diz a estudante.
Essa pesquisa pioneira de Victórya destaca sua dedicação em promover a conscientização e o engajamento dos jovens em relação à sustentabilidade, sendo merecedora do reconhecimento internacional proporcionado pela sua nomeação como finalista no Global Good Awards.
O jogo
Com base no aprendizado adquirido por meio do modelo matemático, Victórya foi além: desenvolveu um jogo didático – disponível em formato virtual e de tabuleiro – que pode ser implementado em instituições educacionais. No “Eco-Socius”, os estudantes são introduzidos a conceitos de preservação ambiental e progridem à medida que demonstram compreensão do assunto.
“Com o jogo, tivemos certeza que esses jovens não conhecem sobre práticas sustentáveis, mas também não entendem nem que há um problema nas práticas. Não reconhecem que as mudanças climáticas estão presentes, acreditam que problemas ambientais são algo muito distante. Nosso modelo matemático e o jogo apontam que a educação é primordial”, avalia.