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São tantas plataformas de streaming oferecendo conteúdo, mais a correria do cotidiano, os esportes e o trabalho que fica embaraçoso sugerir novas sagas em longas temporadas para um amigo assistir. Mas estas são três séries que se tu ainda não viu, faça isso agora (ou quando der, claro).
Succession, que teve seu último episódio exibido no domingo (28) pela HBO e que está disponível na plataforma MAX, foi um fenômeno cultural. Não por associação porque é difícil ter qualquer tipo de paridade com a vida dos bilionários Logan, Kendall, Shiv, Roman e Connor, mas sim pelos traumas e danos que são inerentes a qualquer classe social. A longa batalha para definir o sucessor de Logan Roy no comando do grupo fundado pelo próprio, exauriu a sanidade de toda uma família que já tinha seus problemas, desde a distante infância do próprio Logan, passando pelos casamentos frustrados, abuso de drogas, de poder e influência.
Além da ambição desenfreada dos irmãos, todos os asseclas conspiraram em torno do desfecho que tivemos neste último episódio. Maridos, Genros, noras, funcionários e um anarcocapitalista das big techs transformaram a família Roy num aquário luxuoso de mágoas e rancores. E, talvez aí esteja a identificação que boa parte do mundo teve com esta série. Os medos e dramas e traumas e erros são de todos. Se Succession fosse um filme de mistério em busca da autoria dos crimes, todos os personagens seriam suspeitos. Ali todos mataram e, de certa forma, morreram. Assim como todos nós que ficamos sem esta atração nos finais de domingo.
Barry (também HBO), a menos conhecida desta tríade, começou muito bem contando a história do próprio Barry, um ex-soldado que encontrou no teatro uma forma de suprimir e conviver com os fantasmas do passado. Mas Barry – e seu armário cheio de esqueletos – não conseguiu. E deste choque entre um homem em busca de uma vida saudável e feliz junto de sua amada para o assassino de aluguel, nasceu uma bela série que, confesso, não terminou como começou, mas deixou sua marca.
Os episódios curtos com seus personagens atípicos como Noho Hank, um mafioso gay impossível de não ser amado, transformam a experiência mais agradável. Mas com o passar do tempo a série foi tornando-se sombria, como o passado do protagonista. Barry também terminou no domingo, mantendo a escrita de episódios curtos, personagens estranhos, episódios um pouco confusos e ofuscada pelo encerramento de Succession.
Mas… se estas duas séries vieram carregadas de traumas e de momentos tensos, Ted Lasso (disponível no Apple+) não seria diferente porque isso é a vida. Porém, a vida de Ted e seus companheiros de clube é divertida e doce. Ted, um treinador de futebol americano que recebe uma oportunidade de comandar um time do nosso futebol na Inglaterra, é um amor de pessoa. Mas toda pessoa boa tem algo ruim em si, mesmo que inconsciente. Ted tem amarguras, saudade do filho, não sabe nada de futebol, mas é um cara cheio de carinho. E isso transborda pelas temporadas de Ted Lasso.
É praticamente impossível não comparar alguns momentos da série com a vida do protagonista, Jason Sudeikis, que sofreu um desamor (o famoso pé na bunda) da esposa que trocou o marido por um garoto mais jovem, bonito, charmoso e que por acaso chama-se Harry Styles. Os momentos de ansiedade e tristeza de Ted separado do filho por um oceano, sofrendo por ainda amar a ex-esposa e tendo que encarar a dureza do futebol inglês nos aproximam do personagem, afinal nós todos aqui no Brasil sofremos por um time de futebol e com certeza já levamos um pé na bunda.
Succession é a vida dura, o cotidiano pesado cheio de competitividade e medo. Barry é uma hipérbole e Ted Lasso é fofa, sagaz e por alguns momentos, triste. Se somadas as três, além da montanha de horas atirados no sofá maratonando estes conteúdos, com certeza vamos encontrar fragmentos do nosso cotidiano, mesmo que a distância das realidades vividas entre bilionários, um ex-soldado estudando teatro e um treinador de futebol seja o que nos aproxima.
Texto: Junior Maicá