Reprodução/Twitter
Uma estátua no muro de uma casa em Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, viralizou nas redes sociais desde segunda-feira (20). A publicação de um morador da cidade exibe fotos de uma criatura com corpo humano, asas e cabeça de bode, conhecido como Belzebu. As imagens da estátua de Baphomet, como também é conhecido, geraram diversos comentários contrários e também de respeito ao morador.
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A estátua está exposta sobre o muro da residência da mãe de santo Michelly da Cigana e retrata Belzebu, Baphomet ou Saravá Exu Maioral. A propriedade onde foi exposta a estátua presta consultas religiosas. A mãe de santo mora no local desde 2016 e a imagem do Belzebu foi colocada no local em novembro do ano passado. Conforme Michelly, “por determinação divina”, a estátua foi colocada para proteger a entrada da casa.
A proprietária afirma que não se incomodou com os comentários e ficou muito feliz com a repercussão. “Virou ponto turístico aqui na frente da minha casa. As pessoas têm a liberdade de dizer o que pensam e nós temos a liberdade de exercer a nossa fé”, disse ao G1.
Após a repercussão na internet, a mãe de santo Michelly da Cigana resolveu publicar um vídeo mostrando a estátua e o interior da propriedade onde são realizadas as consultas religiosas.
Estátua de Baphomet é a figura do “Maioral”
Ouvido pelo portal G1RS, o pai Ricardo de Oxum, líder religioso de matriz africana, afirmou que, no Rio Grande do Sul, são muito praticados o quimbanda, que é uma modalidade ritual que designa o culto de exus e pombagiras, como a umbanda e o batuque, que é uma religião de orixás, deuses cultuados pelas muitas crenças africanas.
Conforme o líder religioso, dentro do quimbanda, existe a figura do “Maioral”, que é conhecida também como Saravá Exu Maioral, Belzebu ou Baphomet. Ele é representado como uma criatura com corpo humano, asas e cabeça de bode. Segundo o Pai Ricardo, o Maioral age conforme a intenção da pessoa que busca ele. Se a intenção for boa, ele age de forma boa.
Exu, para alguns cristãos, é o demônio, e isso não é verdade, segundo o professor de Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo (USP), Sidnei de Xangô. Ao portal G1RS, ele afirma que na interpretação de praticantes de religiões de matriz africana, “esse sincretismo um tanto deturpado se dá pelos constantes conflitos criados pela Igreja Cristã”.