Basf é investigada no caso de trabalho análogo à escravidão em Uruguaiana

Multinacional do setor de grãos, seria a responsável pelas lavouras de arroz onde 82 trabalhadores foram resgatados, no dia 10 de março
Divulgação/MPT

Foi revelado o nome da empresa que está sendo investigada após operação que resgatou 82 trabalhadores em condições análogas à escravidão em Uruguaiana, na Fronteira Oeste do RS. Conforme apuração da reportagem da RBSTV, a BASF, multinacional do setor de grãos, seria a empresa investigada pelas lavouras de arroz onde os homens foram resgatados, no dia 10 de março deste ano.

Para não interferir na investigação, o nome da empresa não estava sendo divulgado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo o portal G1, a reportagem da RBS TV confirmou o nome da empresa com fontes.

O MPT e o MTE vão apurar a responsabilidade de cada um dos envolvidos. Com esses dados em mão, os órgãos devem realizar a negociação do pagamento dos trabalhadores, indenizações individuais e em direitos coletivos.

Os Trabalhadores foram resgatados em duas fazendas da região rural de Uruguaiana. A estância Santa Adelaide, afirmou, em nota, que os trabalhadores encontrados não fazem parte do quadro da empresa e que eram terceirizados. Os proprietários da estância São Joaquim disseram que a propriedade está arrendada para uma pessoa que faz o plantio do arroz no local.

Em nota, a BASF informa que tem contrato com as fazendas para produção de sementes de arroz e “decidiu, de maneira pró-ativa, procurar as autoridades para contribuir com a resolução do caso”. A multinacional disse também que “segue exigências de contratação de fornecedores e subcontratados e que condena as práticas que desrespeitam os direitos humanos”.

Confira a nota da Basf na íntegra:

A BASF está comprometida com o desenvolvimento sustentável ao longo da sua cadeia de valor, que tem como premissa o respeito e a proteção às pessoas, bem como a transparência na sua relação com a sociedade. A companhia condena veementemente práticas que desrespeitem os direitos humanos.

A empresa tomou conhecimento sobre o caso envolvendo as Fazendas São Joaquim e Santa Adelaide em Uruguaiana-RS e lamenta profundamente o ocorrido com os trabalhadores. A BASF informa que tem contrato com estas fazendas para a produção de sementes de arroz.

A empresa decidiu de maneira proativa procurar as autoridades para contribuir com a resolução do caso.

A BASF segue exigências de contratação de fornecedores e subcontratados que incluem, entre outras medidas, que as empresas contratadas estejam de acordo com a lei trabalhista e sejam rigorosas no respeito aos direitos humanos.

A empresa não medirá esforços para solucionar a situação, contribuir com as autoridades e atuar para assegurar condições adequadas de trabalho, segurança e bem-estar de trabalhadores terceirizados e subcontratados por todos seus prestadores de serviços.

A companhia atua no Brasil há mais de 110 anos e investe em inovação para o desenvolvimento das melhores práticas para a agricultura, meio ambiente e a sociedade.

A BASF reitera o seu compromisso com a valorização, o respeito e a proteção às pessoas em sua cadeia produtiva.

Relembre o caso

Em uma operação conjunta entre a Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho, 82 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão em Uruguaiana, na Fronteira Oeste do RS. A ação ocorreu na tarde de sexta-feira (10), em duas fazendas de arroz no interior do município. Eles trabalhavam fazendo o corte manual do arroz vermelho e a aplicação de agrotóxicos, sem equipamentos de proteção.

Dos resgatados, todos homens, 11 eram adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. A Polícia Federal informou que eles chegavam a caminhar por jornadas extenuantes antes mesmo de chegarem à frente de trabalho.