Policiais Militares viram réus por tortura após agressões contra torcedores do Brasil de Pelotas na Capital

Foto: Reprodução/RBS TV

A Justiça Militar aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) e transformou em réus os 17 policiais militares acusados de torturar 12 torcedores do Brasil de Pelotas em 1º de maio do ano passado, após um jogo contra o São José, em Porto Alegre. Entre os agredidos, está Rai Duarte, que ficou mais de cem dias internado na Capital e passou por tratamento intensivo devido a gravidade das agressões. 

O acolhimento das denúncias contra os agentes da Força Tática do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM), realizado pela juíza Karina Dibi do Nascimento, da Auditoria Militar de Porto Alegre, foi confirmado ontem (13).

De acordo com os promotores do caso, além de tortura, um dos policiais também foi denunciado por falsificação de documento, e outro, além das acusações citadas, foi acusado por injúria e ameaça. 

Os nomes dos agentes, que não foram divulgados, constam no inquérito feito pela BM, divulgado em setembro do ano passado. No documento, 10 policiais militares haviam sido citados pelos os crimes de tortura e lesão corporal de natureza grave, além de um agente por tortura e tentativa de homicídio.

Na época, o corregedor-geral da BM, coronel Vladimir Luís Silva da Rosa, afirmou que 17 PMs tiveram suas responsabilidades definidas. Do total, 11 agiram de forma mais direta, os demais participaram com nível menor de comprometimento. Além disso, seis civis foram indiciados por falso testemunho. 

Ainda conforme o corregedor, 75 pessoas, entre policiais militares e civis, foram ouvidas ao longo das investigações e 221 gigas de dados foram analisados.

Relembre o caso

O fato aconteceu após um jogo entre Brasil e São José, válido pela Série C do Campeonato Brasileiro, no Estádio Passo D’Areia. Por volta das 19h, agentes do 11º BPM ingressaram no espaço da arquibancada para apartar uma confusão entre as duas torcidas. Conforme consta na denúncia, após os ânimos se acalmarem, 11 torcedores xavante foram encurralados pelos policiais.

Rai, porém não havia participado da confusão e estava em um ônibus para voltar à Pelotas quando foi retirado do veículo e preso por três policiais, por motivo não esclarecido. Algemado, foi levado junto a outros torcedores e agredido em um banheiro.

De acordo com a denúncia, ele teria questionado os policiais por sobre o motivo da prisão e, por ter sido policial militar temporário, afirmou reconhecer os procedimentos. Ao conferir o RG e constatar que ele não seria um militar da ativa, os PMs passaram a agredir o torcedor com tapas, socos e chutes durante mais de 40 minutos.

O MP também afirma que os PMs envolvidos diziam “estar acostumados a agredir torcedores do Brasil sempre que eles estivessem em Porto Alegre”, além de ameaçarem “enxertar” drogas para incriminar os torcedores.

Por conta das lesões, Rai sofreu hemorragia intra-abdominal, ruptura de artéria cólica média, hematoma em mesocólon transverso, isquemia de cólon transverso, choque hemorrágico, escoriação no segundo dedo da mão esquerda e ficou 116 dias internado em Porto Alegre.