Fenômeno conhecido como microexplosão atmosférica provocou destruição em Porto Alegre durante o temporal de março

Foto: Divulgação/Meteopress

Um fenômeno meteorológico severo, conhecido como downburst ou microexplosão atmosférica, foi o responsável pelos ventos devastadores registrados em Porto Alegre no final da tarde de 31 de março, segundo a Metsul.

A confirmação veio a partir de imagens de radar recém-divulgadas pela fabricante europeia do equipamento instalado na Capital. O sistema, pertencente ao governo estadual, segue sem disponibilização em tempo real à comunidade científica e à população, apesar de estar em operação há meses.

A tempestade violenta, registrada em um dia de forte calor com temperatura acima dos 35°C, provocou rajadas que ultrapassaram os 111 km/h na estação da Força Aérea no Aeroporto Salgado Filho. No entanto, segundo análise da MetSul Meteorologia, os ventos em áreas como o Lago Guaíba, o Centro Histórico e bairros da Zona Norte podem ter atingido velocidades superiores a 120 km/h ou até 130 km/h, com base em registros visuais e na gravidade dos danos.

O episódio incluiu a formação de uma tromba d’água no Guaíba — um tornado sobre a superfície aquática —, deixando o lago agitado com ondas que mais lembravam o mar. A força dos ventos derrubou centenas de árvores e causou o tombamento de uma carreta na nova ponte do Guaíba, deixando milhares de pessoas sem energia elétrica na Capital.

A microexplosão, ou downburst, é uma intensa corrente descendente de ar frio e denso que se espalha radialmente ao atingir o solo, podendo gerar ventos com força destrutiva em áreas limitadas. Ao contrário dos tornados, que apresentam rotação, o downburst se caracteriza por ventos retos e divergentes. Ambos os fenômenos, no entanto, podem ocorrer simultaneamente — como se observou em Porto Alegre no dia 31.

Existem dois tipos principais de microexplosões: úmidas, associadas a tempestades com alta umidade e fortes chuvas, como foi o caso na Capital, e secas, mais comuns em regiões áridas. Esses eventos representam sérios riscos à infraestrutura urbana e à segurança da população, exigindo sistemas de monitoramento em tempo real e alertas eficientes.