Foto: Divulgação/PCRS
A Polícia Civil finalizou a investigação sobre a morte de quatro pessoas da mesma família por intoxicação com arsênio no Litoral Norte do RS. O inquérito aponta que Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, era a responsável pelos envenenamentos ocorridos em Torres e Arroio do Sal no ano passado. Ela foi encontrada morta no dia 13 deste mês, na Penitenciária Feminina de Guaíba, onde estava presa preventivamente.
Os inquéritos, enviados à Justiça na quinta-feira (19), somam mais de mil páginas, com 25 depoimentos e mais de 30 perícias. Caso estivesse viva, Deise seria indiciada por quatro homicídios qualificados e três tentativas de homicídio. No entanto, com sua morte, a punição é extinta pelo Código Penal.
Segundo a delegada regional Sabrina Deffente, não houve motivação financeira para os crimes. A principal hipótese é uma “grave perturbação mental” da investigada, já que ela também envenenou o próprio marido e filho ao oferecer um suco contaminado com arsênio em dezembro.
Deise foi presa em 5 de janeiro após a perícia do seu celular revelar pesquisas sobre venenos letais e a compra de arsênio em pó pela internet. A Delegacia do Consumidor investiga a empresa responsável pela venda da substância.
A suspeita era investigada pela morte das irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos (65) e Maida Berenice Flores da Silva (59), além da filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos (47). As três morreram após consumir um bolo de Natal contaminado, no dia 23 de dezembro, em Torres.
O inquérito também apurou a morte de Paulo Luiz dos Anjos, sogro da investigada, que faleceu em setembro após uma visita dela. Inicialmente tratado como intoxicação alimentar, o caso foi revisto após a exumação do corpo, em 8 de janeiro, que confirmou a presença de arsênio.
O chefe de Polícia, Fernando Sodré, acredita que Deise, ao não ser investigada na morte do sogro, sentiu-se impune para cometer novos envenenamentos. No entanto, ao tentar envenenar apenas a sogra no Natal, o plano saiu do controle quando outras pessoas consumiram o bolo contaminado.
“Não há dúvidas sobre a autoria. Deise pesquisou diferentes venenos e métodos para escapar da responsabilização. Mas, devido ao número de vítimas, acabou descoberta”, afirmou o delegado.