Hospital São Francisco realiza cirurgia rara em paciente com Parkinson

Foto: Divulgação/HUSFP

O Hospital Universitário São Francisco de Paula da Católica de Pelotas (HUSFP/UCPel) realizou, nos últimos dias, a quarta cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda. Raro na região, o procedimento é conhecido em inglês como Deep Brain Stimulation (DBS). Trata-se de uma alternativa, em alguns casos específicos, para o tratamento de pessoas que sofrem de Parkinson, doença neurodegenerativa que entre outras limitações afeta a capacidade motora dos pacientes de modo progressivo.

A paciente, uma mulher, de 47 anos, havia sido diagnosticada com a doença aos 35. Após o procedimento, segundo os especialistas, ela obteve melhora no controle motor, diminuição drástica de tremores, da rigidez e da lentidão dos movimentos impostas pela doença.

A recuperação é excelente, com significativo ganho na qualidade de vida“, disse o professor da UCPel e neurocirurgião, Vinícius Guedes, que esteve à frente da cirurgia. Ele salienta que o procedimento não se trata de cura. “A cirurgia não vai mudar a história natural da doença. O que se promove é alívio sintomático. A vantagem é que assim como ocorre com a medicação se consegue fazer ajustes ao longo do tempo. Os ganhos são na rigidez, na lentidão de movimentos e no tremor, que são os sintomas principais“, explica.

A cirurgia, de alta complexidade e exigente em precisão, é realizada com o paciente acordado e anestesia localizada. O neurocirurgião Paulo Franceschini, que veio de Caxias para acompanhar o procedimento, explica que ocorre a implantação de um ou dois eletrodos no cérebro do enfermo, que geram um campo magnético que vai provocar a redução da atividade cerebral de áreas hiperativas na doença de Parkinson, promovendo a melhora dos sintomas. “Os eletrodos são implantados bilateralmente, existe um cabo que vai por baixo da pele até um gerador semelhante a um marcapasso e que normalmente fica localizado na região do tórax“, detalha Franceshini.

Além da incapacitação física, pessoas acometidas por Parkinson precisam lidar com estigmas sociais e outros sofrimentos que acabam por favorecer novas doenças, como a depressão, já potencializada nesses pacientes pelo comprometimento da produção de dopamina, substancia associada entre outras funções à regulação de estresse e de humor.

A principal forma de tratamento da doença se dá pelo uso de medicamentos, mas a longo prazo essa alternativa pode deixar de fornecer o efeito esperado, ou mesmo resultar em complicações motoras, como movimentos anormais (cinesias) e agravamento dos sintomas mesmo diante de ajustes na medicação. Nesses casos, a intervenção cirúrgica pode ser uma alternativa para melhorar a qualidade de vida do paciente. Apesar de ser um tratamento bastante atrativo não é recomendado indiscriminadamente.