Troca de farpas entre Estima e Perondi marca mais um debate entre candidatos à prefeitura de Pelotas

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O debate promovido pelo jornal Tradição Regional, na noite desta segunda-feira (24), rendeu uma troca intensa de farpas entre os candidatos à prefeitura de Pelotas Fernando Estima (PSDB) e Marciano Perondi (PL). Após abordar o assunto e questionar posicionamento de Perondi sobre o acidente de trânsito envolvendo o próprio, que vitimou Jairo de Oliveira Camargo, de 63 anos, o candidato do PL pontuou a escolaridade de Estima afirmando que este ‘não sabia ler’ e criticou a atuação do PSDB à frente do governo. Vale ressaltar que o caso da colisão está em investigação.

O conflito teve início logo nos primeiros minutos de debate. Em suas considerações iniciais, Marciano Perondi utilizou seu tempo para contar sobre sua chegada à Pelotas, as demandas que tem recebido da população durante o período eleitoral e não poupou críticas ao atual governo, principalmente em áreas como educação, zeladoria e opções de empreedimento no município. Quase ao fim de seu tempo, o candidato do PL citou ter encontrado uma idosa que teria feito uma reclamação da situação da saúde pública em Pelotas e afirmado sentir muitas dores na barriga.

Logo em seguida, em seu momento de fala, Fernando Estima engrandeceu sua história e o trabalho do PSDB, além de criticar candidatos pontuando, sem citar nomes, um destes como “candidato do apocalipse e do negativismo”, citando abertamente o candidato Fernando Marroni (PT) pela não eleição em quatro candidaturas posteriores ao seu governo e rebatendo a fala de Perondi sobre a saúde na cidade. “Na tua calorosa abertura, falando de uma senhora de 80 anos que te perguntou sobre uma consulta eu te pergunto se tu atendeu essa consulta, porque não é tua prática. Uma das coisas que tu já deu largada mal em Pelotas foi não socorrer uma pessoa e tu queres agora que a comunidade acredite que tu vai atender essas pessoas?”, questionou.

Ao início do segundo bloco, o apresentador, o jornalista Carlos Machado, afirmou que pedido por direito de resposta do candidato do PL, solicitado por sua assessoria e voltado a fala de Estima, havia sido negado.

No decorrer do segundo bloco, com foco em perguntas com tema livre entre os candidatos, Estima direcionou seu questionamento para Perondi, no qual político do PSDB voltou a falar sobre o acidente de trânsito, registrado no dia 25 de junho, e afirmou ser aquele o ‘momento para que Marciano explicasse o que ocorreu’, situação que foi rebatida.

Quando a gente vê que alguém está desesperado. Nós estamos em um debate para tratar de propostas para uma cidade, mas quando alguém não tem o que falar e está perdendo uma eleição por incompetência do governo, que não tem o que fazer com o povo, que não respeita o povo“, iniciou Perondi. “Eu vou te dizer, são 62 mil pessoas na fila da morte, que chamam, e o governo de vocês não tem a decência de zerar essa fila, ia querer que todas as pessoas que a gente encontre na rua que eu vá socorrer? É dever de vocês, do governo do PSDB, que não está fazendo isso, aí está atribuindo a toda pessoa que encontrar com problema, eu tenha que socorrer“, disse.

Eu vou fazer só a partir do ano que vem, eu vou ganhar essa eleição, não contavam comigo aqui, vou ganhar essa eleição porque eu pretendo ajudar o povo, eu pretendo desenvolver essa cidade, eu vou ajudar o povo a ter emprego, vou zerar a fila da morte“, continuou o candidato do PL. “Quanto a tua acusação baixa e leviana, tu não sabe ler, bom não tem o segundo grau completo e talvez não foi bem na escola, leia a ocorrência policial. Se tu não sabe interpretar texto, talvez não teve a oportunidade, mas na minha escola tem vaga, se quiser ir lá. Leia a ocorrência e veja o que está escrito“, finalizou.

Como direito de réplica, Estima seguiu pontuando o acidente, a chegada de Perondi à cidade na qual concorre como prefeito e sua escolaridade. “Isso mostra o real caráter dessa pessoa duplamente, uma por não socorrer alguém que ele atropelou e morreu, e outra por querer desconsiderar que há várias formas de se formar na vida. Eu sou muito grato a forma que eu me formei, fui muito bem educado pelos meus pais, diferente do que o senhor está apresentando aqui e, principalmente, me formei através das oportunidades e das entregas. Eu não aterrizei em Pelotas há dois anos, eu estou aqui há 38 anos, e mereço respeito assim como a sociedade que o senhor vem chamando de coitada“, rebateu o candidato do PSDB.

Com direito a tréplica, Marciano Perondi utilizou seus 40 segundos para criticar a gestão do partido de seu concorrente. “Dá para ver que não tem respeito pelo povo mesmo, porque falar que eu fico falando que o povo é coitado, eu nunca falei que o povo é coitado. Eu falei que está em uma situação difícil e precisa ser respeitado. O povo precisa ter educação, ter saúde, ter saneamento básico, precisa ter asfalto na frente de casa, isso o povo tem que fazer. Agora, deixar a cidade largada desse jeito e achar que está certo. ‘Fizemos muito e podemos fazer muito mais’, ou tu quis dizer ‘não fizemos muito e estamos aqui para não fazer muito mais’, porque é isso que eu vejo, pois abro a porta e vejo a via cheia de buraco, tudo ruim“, finalizou.

Relembre o caso

O acidente de trânsito em questão, ocorreu no dia 25 de junho deste ano, no km 522 da BR-116. Perondi conduzia um veículo que acabou colidindo contra um ciclista que, posteriormente, acabou falecendo 14 dias após. Segundo a ocorrência policial, a colisão deixou Jairo em estado gravíssimo e foi classificada no momento como lesão corporal culposa direção veículo automotor.

Na época, o candidato do PL afirmou ter acionado socorro e, segundo ele, na chegada do mesmo, seguiu sua viagem em direção à Florianópolis, após ter sido liberado pelas equipes da concessionária, que teriam feito registros do veículo e de seu documento. Entretanto, alguns dias após, a Rádio Gaúcha trouxe a informação que a Polícia Rodoviária Federal afirma que Perondi não aguardou a viatura e seguiu viagem, foi então que um agente teria precisado descobrir a placa do veículo junto aos socorristas da Ecosul afim de contata-lo.

Ainda à rádio, a Ecosul negou a versão de Marciano dada à Polícia Civil, afirmando que este não havia sido liberado do local do acidente. A concessionária afirmou ainda ser falsa a informação dada pelo, naquele momento, pré-candidato ,de que teria ficado com seu número de telefone para, posteriormente, contata-lo ou repassar às autoridades. A Polícia Civil ainda investiga o caso.