Foto: Mauricio Tonetto / Secom
Um museu dedicado a preservar e divulgar a riqueza cultural e histórica das Missões Jesuíticas e da região missioneira foi inaugurado na última sexta-feira (5), em Santo Ângelo. O Museu Histórico das Missões recebeu investimento total de R$ 3,2 milhões – R$ 2,5 milhões do governo estadual, via Secretaria da Cultura (Sedac), e R$ 750 mil da prefeitura.
O local conta com salas permanentes para acervos da arte sacra missioneira e das Missões Jesuíticas, além de Memorial Étnico-Cultural, Memorial do Gabinete do Prefeito/Intendência e Galeria dos Grandes Personagens das Missões. Há também salas para formação de público e educação patrimonial (a serem desenvolvidas com apoio de material audiovisual), bem como Centro de Pesquisa Missioneira e Arquivo Histórico Augusto César Pereira dos Santos. A instituição visa preservar a memória artística e o legado histórico da Região das Missões e contribuir com o turismo.
O espaço está instalado no antigo Centro Administrativo José Alcebíades de Oliveira, onde, por mais de nove décadas, funcionaram a Intendência e a Prefeitura de Santo Ângelo. Concluída em 1928, a edificação já abrigou também o Fórum e todas as demais repartições federais e estaduais do município, sendo sede do poder executivo municipal até fevereiro de 2022, quando foi completamente desocupada para receber o novo museu. O prédio é tombado pela Lei Municipal 1.789, de 12 de abril de 1994.
Edital + Museus
O projeto do Museu Histórico das Missões foi contemplado pelo Edital + Museus (Edital Sedac 10/2021), que integra o programa Avançar na Cultura. O edital selecionou projetos de prefeituras municipais para viabilizar a instalação de novas instituições museológicas relacionadas à área de memória em espaço próprio, com edificações que tenham sido tombadas em pelo menos uma esfera governamental. O edital conta com um investimento de R$ 17,9 milhões em recursos estaduais, enquanto os municípios participaram com pelo menos 30% de recursos próprios, totalizando cerca de R$ 23,9 milhões.
Inicialmente, o edital previa investimento de R$ 10 milhões. Porém, considerando a relevância da ação e a qualidade das propostas inscritas, o governo do Estado ampliou a verba destinada em mais R$ 7,9 milhões, possibilitando, assim, que todos os seis projetos habilitados fossem classificados.
Além do Museu Histórico das Missões, em Santo Ângelo, também foram contemplados pelo edital os seguintes projetos: Museu Municipal Hugo Simões Lagranha/sede Villa Nenê (Canoas), Resgate das Raízes Lagoenses (Lagoa Vermelha), Museu da Cidade (Pelotas), Museu Municipal de Santa Rosa (Santa Rosa) e Restauro e Modernização do Museu Municipal Adelmo Trott (Taquara).
Apoio à riqueza cultural da região
O novo museu integra-se a um conjunto de lugares e instituições que ajudam a contar a história das Missões Jesuíticas Guaranis, um sistema de bens culturais transfronteiriços que envolve o Brasil e a Argentina. Ao todo, são cinco sítios arqueológicos remanescentes dos povoados implantados em território originalmente ocupado por indígenas, durante o processo de evangelização promovido pela Companhia de Jesus nas colônias da coroa espanhola na América, nos séculos XVII e XVIII.
Inscritos em dezembro de 1983 na Lista do Patrimônio Mundial, esses remanescentes representam relevante testemunho da ocupação territorial e das relações culturais que se estabeleceram entre os povos nativos, na maioria do grupo étnico guarani, e missionários jesuítas europeus.
O sítio arqueológico de São Miguel das Missões é considerado um dos conjuntos históricos mais importantes do país.