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Nos últimos dias, o assunto acerca da abertura de um novo canal para escoar água da Lagoa dos Patos para o oceano tem gerado debates. Ontem (14), o governo federal, por meio do ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que um estudo deverá iniciar sobre o assunto, visando “estratégias para mitigar os efeitos de futuras inundações de grande escala” no RS. Especialistas, porém, apontam tais medidas podem “causar danos irreversíveis”.
Em nota, o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirmou que esse tipo de obra exige estudos detalhados, com uma visão multidisciplinar e interdisciplinar para avaliar os impactos positivos e negativos. “Sem tais estudos, há pouca garantia de que uma obra desse tipo garantiria um rebaixamento significativo do nível d’água no Guaíba e na Lagoa dos Patos, que é governado por múltiplos fatores“, diz o documento.
Segundo o IPH, a abertura de uma nova barra envolve riscos elevados como erosão das praias; salinização do Guaíba e da Lagoa do Casamento; efeitos negativos sobre o ambiente, a sociedade e a economia, afetando navegabilidade e a produção agrícola. “Além disso, há que considerar que esse sistema teria elevados custos de implantação e manutenção, com operação complexa. Uma obra desse tipo, sem as considerações necessárias, pode causar danos irreversíveis“, finaliza.
Já o Instituto de Biociência (IBIO), também da UFRGS, afirma que, na prática não se trata de abrir um canal de escoamento, mas sim, de fazer uma nova ligação entre a laguna dos Patos e o mar, que poderá proporcionar tanto a saída de água doce quanto a entrada de água salgada mudando todo o ciclo da laguna, trazendo prejuízos ao ambiente e ao próprio uso humano, como na pesca, agricultura e navegação.
Dentre os tópicos pontuados o IBIO afirma que: outro canal não garante o escoamento, pois este depende do nível das marés, condições climáticas e regime de ventos, como já ocorre no canal de Rio Grande; Outra ligação com o mar pode diminuir a vazão de água e assorear o canal em RG, prejudicando a circulação de água e a navegação; Toda a produtividade pesqueira dependem do ciclo natural de entrada de água do mar que regula a salinização na porção sul da laguna e da livre passagem pelo canal de RG; A abertura de outro canal mais ao norte pode proporcionar a salinização da porção norte da laguna impedindo o uso da água da laguna na produção de arroz e outros usos em vários municípios que margeiam a laguna dos Patos.