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Tempestade tropical Akará se formou na costa do Sul do Brasil entre o final do domingo e as primeiras horas de ontem (20) com o aprofundamento de centro de baixa pressão que antes passou pelos estágios de depressão subtropical e depressão tropical. De acordo com a MetSul Meteorologia, trata-se de um dos muito raros episódios de uma tempestade tropical, o estágio anterior ao de um furacão em ciclones tropicais, registrados até hoje na costa brasileira.
São raros neste século os episódios de tempestades tropicais na costa do Brasil. Houve apenas quatro eventos. Em 2004, antes de ser um furacão, Catarina obviamente passou pelo estágio de tempestade tropical. Em 2010, embora alguns trabalhos acadêmicos classifiquem como tempestade subtropical, a MetSul e parte da comunidade expert em ciclones dos Estados Unidos entende que Anita foi uma tempestade tropical.
Mais recentemente, houve outras duas tempestades tropicais no litoral do Brasil, Iba e outra sem nome. A tempestade tropical Iba, em março de 2021, se formou a partir de um sistema de baixa pressão que se aprofundou após a passagem de uma frente fria na costa da Bahia, mas que não causou estragos.
E, por fim, a tempestade tropical 01Q, em fevereiro de 2021, um sistema que não foi nomeado pela Marinha do Brasil e que foi classificado como tempestade tropical pela NOAA, quando atuou sem causar danos a uma grande distância da costa na altura dos litorais gaúcho e do Uruguai.
A última vez que um ciclone anômalo foi nomeado na costa brasileira foi há dois anos com Yakecan. Diferentemente de Akará, que é tropical, Yakecan foi uma tempestade de natureza subtropical. A tempestade Yakecan avançou a partir do Sul para a costa gaúcha e passou rente ao litoral, provocando estragos. Uma pessoa morreu no Uruguai e outra em Porto Alegre. Cerca de um milhão de pessoas ficaram sem energia no Rio Grande do Sul.
Trajetória de Akará
Todos os modelos globais de previsão do tempo analisados pela MetSul indicam que a tempestade Akará seguirá avançando no sentido Sul, a Leste do Sul do Brasil, nesta primeira metade da semana. De acordo com as projeções computadorizadas, a tempestade atípica permaneceria todo o tempo em mar aberto e sem tocar terra.
Não apenas isso, os dados das simulações computadorizadas apontam que o ciclone deve se deslocar a uma maior distância da costa. O sistema reduziria a velocidade do seu deslocamento em mar aberto ao alcançar latitudes do Rio Grande do Sul entre hoje e quarta, antes de enfraquecer ao se deslocar por águas mais frias e encontrar vento mais divergente.
Embora o campo de vento forte de um ciclone possa se estender por centenas de quilômetros, em especial em ciclones extratropicais, o que não é o caso deste, o vento mais forte e intenso ficaria limitado a áreas de mar aberto e distante da faixa costeira por todas as projeções, sem exceção.
Com isso, um impacto que pode ser sentido na costa é agitação marítima com ondas mais altas, mas nada significativo. Mesmo o risco de uma ressaca maior não é alto, uma vez que, pelas características do sistema e a intensidade do vento em torno do seu centro de circulação, o swell não seria tão expressivo como nos comuns ciclones extratropicais de inverno.
Uma possibilidade atrelada a este ciclone para o continente é gerar instabilidade isolada. Bandas de nuvens a partir do ciclone podem trazer nebulosidade para o continente que, interagindo com o ar quente, podem causar chuva isolada e ocasionalmente temporais localizados. Independente do ciclone na costa, ar quente e umidade vão se combinar ao longo da semana para provocar pancadas de chuva isoladas com ocasionas temporais localizados típicos de verão.