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O dia 15 de janeiro de 2009 jamais será esquecido pela torcida Xavante. Nesta segunda-feira (15) a tragédia envolvendo o ônibus que transportava a delegação do Brasil completa 15 anos. O tombamento do veículo na BR-392, em Canguçu, a 83 quilômetros de Pelotas, resultou na morte do preparador de goleiros Giovani Guimarães, o zagueiro Régis Gouveia e o atacante Cláudio Milar, e entrou para a história como a maior tragédia do futebol gaúcho.
O acidente aconteceu por volta das 23h, quando a delegação retornava para Pelotas após um jogo-treino contra o Santa Cruz. Esse jogo preparatório era parte dos preparativos para o Gauchão, que se iniciaria no domingo seguinte. O ônibus transportava 31 pessoas, e, além das três mortes, resultou em muitas pessoas feridas.
O episódio gerou comoção por parte de alguns clubes brasileiros e os times se colocaram a disposição para emprestar jogadores, mas não foi o suficiente para evitar o rebaixamento da equipe no estadual. O time se mostrava abalado e sem condições de jogar a competição daquele ano, mas acabou decidindo por jogar.
O ano era importante, pois a equipe contava com a volta de Cláudio Milar, atacante uruguaio que voltava do futebol da Polônia. Milar foi um dos principais nomes do título da segunda divisão de 2004 e já era considerado ídolo do clube e sua comemoração em formato de flecha marcou história, sendo relembrada até os dias de hoje.
Relatos de sobreviventes
Um dos atletas que estavam no ônibus era o ex-goleiro Danrlei. Em entrevista realizada em maio do ano passado, à ESPN, ele não escondeu que ainda carrega as marcas da tragédia e afirmou que desde então não conseguiu mais entrar em um ônibus.
“Não lembro de ter entrado em um ônibus novamente depois de lá. Se eu posso escolher não estar, eu não vou. Em uma van, ela mexe, já volta, tem na memória. Marcou a vida de uma cidade, uma cidade que tem dois clubes rivais. Mas a rivalidade parou naquele momento“, disse.
“Você perder amigos dessa forma é uma coisa complicada, pessoas que você estava começando a ter uma boa convivência. No meu caso, eu que encontrei o treinador de goleiros. Ele estava começando a carreira, filha pequena… e os meus primeiros 15 dias foram só com ele. Nenhum atleta continuou jogando futebol depois daquilo. Não pelo psicológico, pelas lesões. Eu joguei uns 3 jogos, mas não tinha jeito“, finalizou.
A comoção em torno do acidente fez, inclusive, dois jogadores mudarem suas trajetórias no futebol. Trata-se do ex-volante e atual treinador Odair Hellmann e o ex-zagueiro Eliandro , que decidiram pendurar as chuteiras.
Odair, que tinha 32 anos quando anunciou sua aposentadoria, não mede palavras ao falar sobre suas memórias do acidente. “É muito difícil. Perdemos nossos amigos, temos alguns que passam dificuldade até hoje. Mas temos de saber levar em frente e tirar força desta situação“, afirmou ao site Lance!.
“Eu tinha 24 anos. Estava perto do Claudio Milar, conversando com ele depois do jogo. A gente estava muito otimista. Era a quinta vitória em cinco jogos. […] Quase não tive sequelas do acidente, por isto vivi muito daquela noite, vi o ônibus virando. Aí, cada barulho nas viagens que fiz no Gauchão, ficava assustado. Era muito difícil. […] Recebi umas duas ou três propostas, mas sempre queriam fazer contrato de risco. Eu tinha de provar que estava realmente bem depois de tudo o que passei no decorrer do acidente. Depois de tudo que passei, fiquei muito infeliz e decidi ir para outro caminho”, afirmou Eliandro.