Foto: Divulgação / Polícia Civil
Nesta terça-feira (12), uma operação nomeada Doppler resultou na detenção de um médico e na execução de quatro mandados de busca e apreensão em Bento Gonçalves e um em Garibaldi. Conduzida pelo delegado Max Otto Ritter da Delegacia Especializada em Combate à Corrupção (Decor) de Porto Alegre, a operação visa investigar fraudes contra o IPE Saúde.
Um casal de profissionais da saúde foi o foco de um dos mandados executados em um apartamento localizado na Rua Esfania F. Pasquele, no centro da cidade. O médico detido não estava no local e acabou sendo detido preventivamente em uma clínica onde trabalhava, por volta das 7h.
O esquema de fraude veio à tona depois que o IPE Saúde notou uma série de exames de imagem sendo solicitados para algumas pacientes. As investigações revelam que os médicos, em conluio com uma secretária, utilizavam o cartão de saúde governamental de mulheres que procuravam consultas ginecológicas para requisitar exames que, de fato, nunca foram realizados.
O delegado Max Otto Ritter apontou que visitou a região em julho para colher depoimentos de 22 pacientes.
“Na hora da consulta, elas entregavam a carteirinha para a secretária e esse documento era passado para a realização de exames de outras especialidades, não daquelas que elas estavam consultando no momento. Em alguns casos, o mesmo cartão foi usado ao menos 10 vezes para exames de imagem. As pacientes relataram que nunca fizeram esses procedimentos”, diz o delegado, que ainda afirma que o IPE Saúde identificou, em poucos meses, cerca de R$ 700 mil gastos em exames que nunca foram feitos.
O motivo da detenção preventiva do médico foi explicado pelo delegado: “O juiz determinou que ele não atendesse mais pelo IPE Saúde, não saísse da cidade, mas ele viajou para fora do Estado. Por isso a medida foi convertida em prisão preventiva.”
A profissional da saúde alvo da operação optou por não se pronunciar. O advogado de defesa do médico preso, que preferiu manter o anonimato, disse que ainda estava se familiarizando com os detalhes do caso.
“Ele (o médico) realmente viajou porque tinha uma viagem marcada, mas se arrependeu e voltou ao Estado. Espero que a audiência de custódia seja realizada nesta terça e que ele seja solto. Caso não, pediremos habeas corpus”, resumiu.
No final da manhã, o IPE Saúde divulgou uma nota sobre a ação desta terça:
“A Operação Doppler é decorrente da identificação de indícios de irregularidade por meio da auditoria interna do IPE Saúde, ainda no início de 2022. A partir da identificação, foi instaurado processo administrativo e, posteriormente, encaminhado às autoridades competentes. O IPE Saúde destaca que tem implementado melhorias constantes nos processos de auditoria e controle de contas médicas buscando identificar e coibir quaisquer irregularidades que sejam praticadas contra o Instituto e seus segurados. O IPE Saúde ressalta ainda que o cartão do usuário é pessoal e intrasferível e que os segurados podem acompanhar todas as solicitações realizadas por meio do site ou do aplicativo”.