Foto: Reprodução/TJ-RS
O advogado Jean Severo, que desempenhou papel significativo nos julgamentos dos casos Rafael, Boate Kiss e Bernardo, está sendo apontado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) como suposto ‘braço financeiro’ de uma organização criminosa. Além dele, outras 23 pessoas foram formalmente acusadas.
As investigações tiveram início em 2019,e incluem envolvimento em organização criminosa, lavagem de dinheiro e receptação. À RBSTV, o advogado rejeitou as alegações e afirmou estar enfrentando perseguição injusta. “A Polícia Civil e o Ministério Público estão agindo covardemente. Fui acusado por questões triviais, como questionar a honestidade de um promotor e um delegado de polícia durante um julgamento“.
Denúncia grave
Conforme a acusação do MP, o advogado teria servido como intermediário entre o líder de uma organização criminosa, detido em uma penitenciária federal, e o grupo de criminosos. Os promotores também alegam que o advogado ocultou ativos pertencentes a traficantes, facilitou transações financeiras ilícitas e orquestrou atividades fraudulentas para esconder os bens dos integrantes do grupo.
Conversas interceptadas pela polícia entre suspeitos ligados ao grupo apontaram para a possível participação de Jean. Sendo advogado de um dos principais líderes da organização criminosa, ele teria tido acesso livre à hierarquia e desempenhado um papel direto na execução das ordens do alto escalão.
Uma das evidências apresentadas pelo MP é uma troca de mensagens entre ele e outro indivíduo acusado, em junho de 2018. Na mensagem, o advogado escreve: “O menino me liberou 10. Posso ir buscar?”. Supostamente, “menino” era o apelido usado para se referir ao traficante Antonio Marco Braga Campos.
De acordo com os promotores, mais de R$ 150 mil foram depositados em sequência em 2018. Esse dinheiro seria proveniente do tráfico de drogas, destinado à lavagem. Jean contesta: “No presídio federal não existe como passar mensagens, qualquer acadêmico de direito sabe. E esse rapaz estava com problema psiquiátrico aqui no Rio Grande do Sul, eu tenho laudo aqui pra mostrar, só que pra polícia não interessa“.
O crime de receptação teria ocorrido por meio de um veículo de luxo associado a Jean. Segundo o MP, o carro foi adquirido por líderes da organização criminosa e posteriormente repassado ao advogado.
O Ministério Público solicitou o encaminhamento das investigações à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que medidas disciplinares sejam tomadas contra o advogado.