Foto: Gustavo Diehl/UFRGS
Cientistas do Programa de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul desvendaram fósseis de uma espécie que habitou o RS há aproximadamente 233 milhões de anos. Essa descoberta é o foco de uma pesquisa recém-publicada em uma revista científica de destaque nos Estados Unidos.
Intitulado como Santagnathus mariensis, o organismo encontrado pertence ao grupo dos cinodontes, que, posteriormente, deu origem aos mamíferos. Os vestígios fósseis, que provavelmente representam quatro indivíduos, foram encontrados por um residente de Santa Maria entre 2004 e 2005 e, posteriormente, doados ao Laboratório de Paleontologia de Vertebrados da UFRGS.
O estudo, liderado por Maurício Rodrigo Schmitt, estudante de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFRGS (PPGGEO), teve início no ano de 2019.
Foram recuperados mais de 200 restos ósseos preservados, que correspondem a quatro animais. As mandíbulas podem ser categorizadas em duas maiores e duas menores, sugerindo duas classes de tamanho. Os fósseis têm cerca de 1,20 a 1,50 metros de comprimento e pesavam entre 9,8 e 16 kg. Segundo Maurício, nenhum deles havia atingido a fase adulta, portanto, o tamanho que alcançariam na maturidade permanece desconhecido.
“Por termos encontrado quatro indivíduos juntos, podemos tentar inferir que viveram (e morreram) juntos, indicando um possível comportamento de permanecer em grupos, ou até mesmo um cuidado parental”, aponta Maurício.
Adicionalmente, é possível inferir informações sobre a locomoção desses animais com base nas articulações do esqueleto e sobre sua alimentação por meio da análise dos dentes, os quais possuem um formato largo e profundo, característico de animais herbívoros. Essa espécie faz parte do grupo Traversodontidae, composto exclusivamente por herbívoros.
Os fósseis de Santagnathus mariensis foram encontrados juntamente com uma maxila de Hyperodapedon sp., pertencente ao grupo dos rincossauros, o que define uma “Zona de Associação”. Para determinar a idade em que os Santagnathus mariensis habitaram a região, os pesquisadores empregaram datações baseadas em isótopos, uma metodologia similar ao uso do carbono-14, na Zona de Associação de Hyperodapedon, que já é amplamente reconhecida e sugere uma idade de cerca de 233,2 milhões de anos.