Voluntários processam Taurus por resgate de armas durante enchente no RS: “Disseram que era para salvar crianças”

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Um grupo de voluntários que atuou nos resgates durante a enchente no Rio Grande do Sul em 2024 entrou com uma ação na Justiça contra a fabricante de armas Taurus, cobrando R$ 1,27 milhão por danos morais.

Eles alegam que foram enganados ao serem convocados para uma suposta missão de resgate de crianças no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, mas acabaram removendo caixas com armamentos.

A operação, realizada durante a tragédia climática que atingiu o Estado, teria contado com a participação dos civis sem preparo técnico, que usaram barcos para retirar 3 mil artefatos bélicos de uma área alagada. Os voluntários afirmam que trabalharam por horas carregando 156 caixas de armamentos sob risco, sem equipamentos de proteção, e ainda ajudaram a arrombar um portão do aeroporto para permitir a retirada da carga. Segundo o processo, tudo ocorreu sob orientação de pessoas ligadas à Taurus.

Um dos envolvidos, o investidor Nicolas Vedovatto, relatou ao O Globo, ter sido mobilizado por mensagens em grupos de ajuda humanitária que falavam em salvar crianças. “Levei brinquedos, cordas e boias, achando que seria um resgate infantil. Depois, nos informaram que a missão envolvia armas, não crianças”, afirmou.

A Taurus nega ter conhecimento da participação de voluntários e diz que vai apurar os fatos com a Polícia Federal. A AGU também figura como ré, acusada de negligência, já que agentes federais teriam permitido a participação de civis sem preparo. Em nota, a AGU alegou que a responsabilidade pelo transporte era da empresa, e não da União.

A Polícia Federal, por sua vez, declarou que a retirada da carga foi coordenada pela corporação, a administradora do aeroporto Fraport e a Taurus, envolvendo apenas pessoas contratadas para a operação.

A Justiça avaliará se houve omissão e se os voluntários, de fato, foram induzidos a participar de uma ação sigilosa sem conhecimento dos riscos reais.