Caso de Sandrine: Agressão brutal em Pelotas é tratada como lesão corporal

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  • Aviso: A imagem da matéria foi enviada e autorizada pela vítima. Em caso de violência doméstica ligue 180.

Pelotas voltou a ganhar repercussão após outro grave caso de violência contra a mulher vir à tona. Sandrine Leite, vítima de agressões brutais em julho, aguarda pela audiência de seu ex-namorado, marcada para o dia 4 de novembro. O caso, registrado inicialmente como lesão corporal, levanta questionamentos sobre a falta de enquadramento como tentativa de feminicídio.

A Reportagem do O Bairrista conversou com Sandrine nesta segunda-feira (21), que aceitou ser identificada. Ela foi espancada pelo ex-namorado na noite do dia 26 e madrugada de 27 de julho após descobrir uma traição e pedir que ele saísse de sua casa, quando iniciaram as agressões. Mesmo com pedidos de socorro, a violência, que aconteceu dentro de sua residência inicialmente, só cessou quando a vítima desmaiou. “Quando ele saiu do meu quarto eu vi a oportunidade de conseguir fugir, então eu pulei a janela e ele pulou atrás de mim e me bateu mais. O meu rosto ficou mais machucado depois do tombo a ponto de desmaiar e não conseguir lembrar como eu cheguei no carro“, conta. Neste momento, a vítima afirma que não sentia as pernas. Em imagens divulgadas, seu rosto aparece com hematomas, principalmente na região dos olhos.

Conforme a vítima, as agressões seguiram então na casa do homem, na Colônia Z3, momento em que o agressor passou a obrigar Sandrine a responder mensagens afirmando estar bem e em alguns momentos passava por ela. Ela conta que após todos os episódios de agressão, por volta das 11h do dia 27, o homem teria chamado o Samu e ela foi encaminhada ao Pronto Socorro de Pelotas.

Ao chegar ao hospital, a vítima denunciou o agressor e este foi preso em flagrante no HPS, onde estava acompanhando a mulher. “Quando os policiais chegaram para prender ele, ele estava com o meu celular e o dele e ele estava mandando mensagens para o meu celular, se mostrando muito preocupando, dizendo que me amava e que estava lá para me ajudar, criando um alibi. […] Ele disse que usava drogas, que eu havia me jogado, que eu estava com depressão.”

Sandrine ficou internada no PS por alguns dias e posteriormente foi enviada para casa onde ficou 30 dias acamada com muitas lesões. Durante a recuperação, precisou utilizar sonda vesical, além de fraldas. Posteriormente, para voltar a caminhar precisou recorrer ao andador e muleta. “Minhas lesões ainda existem, porque o calo ósseo demora um pouco mas o médico acredita que dentro de seis meses estarei 100%“, finaliza.

Apesar da brutalidade do ataque, a Justiça enquadrou o crime como lesão corporal, gerando indignação. Sandrine também recebeu relatos de outras mulheres que sofreram com o mesmo agressor, reforçando o histórico de violência do acusado. Hoje, ela pede por justiça e visibilidade para casos como o seu, buscando evitar que outras mulheres sejam vítimas.

A audiência, originalmente marcada para 21 de outubro, foi adiada para 4 de novembro. Enquanto isso, Sandrine continua a lutar por justiça e a receber apoio de diversas pessoas que se sensibilizaram com sua história.