Número de vítimas deve ultrapassar os 370: Polícia detalha esquema de estelionatos, que resultou na prisão de Nego Di

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A Polícia Civil, por intermédio da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas, deu detalhes, neste início de semana, sobre a Operação 300+, que resultou na prisão de influenciador e comediante Nego Di, em uma residência na praia de Jurerê, em Florianópolis.

A prisão se dá durante uma investigação que apura 370 crimes de estelionato. Segundo as autoridades, ao longo de mais de um ano de investigação, foram analisados inúmeros documentos, vídeos, ocorrências, centenas de laudas de dados bancários, além de dezenas de diligências policiais realizadas.

Segundo a polícia, foi descoberto que no final de 2021/início de 2022, Nego Di conheceu Anderson Bonetti, que possui expertise na área cibernética. Bonetti também é investigado e, naquela época, já era réu em ação penal por participação em organização criminosa após um furto qualificado de, virtualmente, R$ 30 milhões da conta bancária de uma empresa.

Ambos, então, passaram a articular negócios conjuntamente. Dentre elas, uma página de vendas de produtos foi criada, associada à imagem do influenciador, tendo como a proposta de associados mensalistas terem acessos a descontos na loja.

A ideia inicial não prospera, e o Bonetti cria uma loja virtual, associada à imagem do comediante na qual seriam vendidos condicionadores de ar, celulares e televisores, com a proposta de preços muito abaixo dos praticados pelo mercado. A loja começa a operar em 18 de março de 2022, alcançando milhões de pessoas. Desde sua criação até o congelamento da página, por determinação judicial de 26 de julho do mesmo ano, foram comprovadamente lesadas, no mínimo, 370 vítimas.

Ainda conforme a investigação, Bonetti seria autor intelectual dos crimes, a partir da aproximação com Nego Di, oportunizada pela companheira do primeiro, uma arquiteta que teria sido contratada para realizar a reforma de um restaurante de propriedade do comediante.

Bonetti ainda seria responsável pela organização e estruturação da loja virtual, realizando a venda de produtos que não possuíam em estoque. Ele ainda atuava em todas as frentes da empresa, sempre em contato com as vítimas, protelando as entregas que sabia que jamais ocorreriam. O suspeito ainda teria realizado pessoalmente todas as movimentações financeiras da empresa a partir de diversas contas bancárias em nome de seus enteados.

Conforme análise de diversos vídeos, Nego Di afirmava que a loja virtual era de sua propriedade. Ele tinha acesso ao sistema das vendas, bem como realizava as promoções e divulgações dos produtos. Em seu interrogatório, assim como em manifestações públicas, o influencer afirma não ter recebido dinheiro pela divulgação e participação nas vendas da loja virtual. Entretanto, conforme a apuração, ele teria recebido mais de R$ 300 mil.

As autoridades ainda pontuam que, mesmo após diversas vítimas o procurarem relatando problemas que estavam passando com a empresa, o comediante continuou recebendo as vantagens financeiras e realizando a divulgação de produtos.

De acordo com o levantamento, a fraude alcançou receita de mais de R$ 5 milhões na conta da empresa. Contudo, o prejuízo estimado para as vítimas ficou abaixo dos 10% desse valor, sendo aproximadamente R$ 330 mil uma vez que centenas de vítimas não oficializaram seus prejuízos em sede de ocorrências policiais.

Nego Di segue em prisão preventiva. Já seu sócio no esquema de estelionato, Anderson Bonetti, está foragido com mandado de prisão preventiva em aberto.