Nível do Guaíba está abaixo dos valores informados pela régua emergencialmente instalada pelas autoridades, afirma MetSul

Foto: Giulian Serafim/PMPA

A MetSul Meteorologia emitiu, na manhã desta quinta-feira (23), uma nota que deixou os moradores de Porto Alegre intrigados. Conforme os profissionais, o nível do Guaíba está abaixo dos valores informados pela régua eletrônica emergencialmente instalada pelas autoridades, o que ocorreu após danos na régua do cais C6, para a leitura dos níveis e cujos dados estavam sendo utilizados.

Segundo a MetSul, desde a última segunda-feira, quando a prefeitura de Porto Alegre abriu algumas comportas para que a água que está dentro da cidade pudesse escoar a situação ficou “complexa”, o nível informado naquele momento era de 4,20 metros. “Naquela tarde passamos a ter dúvidas sobre os dados, uma vez que água saía e não entrava pelo muro mesmo com cota mais de um metro acima do nível de inundação“, afirma o comunicado.

Com uma redução das águas na manhã desta quinta, foi possível acessar o pórtico central do Cais Mauá. “O nível do piso do cais é de 3 metros naquele ponto, a cota de transbordamento, e existe um degrau com cerca de 20 cm a 30 cm. A água não alcançava o topo do degrau e atingia apenas a altura da canela das pessoas caminhando no local“, afirmam os especialistas. Com isso, estes chegaram a conclusão que é evidente que o nível não está perto de 4 metros, como indicado pela régua eletrônica nesta manhã, e está pouco acima da cota de transbordamento de 3 metros.

Vale ressaltar que a régua física no local, que permitiria saber o nível exato, só vai até 3 metros e está encoberta pelas águas. Medições com trena no piso do cais confirmam valores pouco acima da cota de transbordamento.

Com isso, a MetSul afirmou que deixará de considerar a cota de 5,35 metros como o máximo da cheia registrada e aguardará estudos técnicos posteriores sobre qual foi o real e exato pico da cheia de maio de 2024.

Uma nota técnica do Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS) da Sema, divulgada na quarta-feira, afirma que estação Cais Mauá C6 é mantida como referência para todas as cotas de cheia, inclusive a de 1941 e as de 2023, mas as medições precisaram ser transferidas emergencialmente à Usina do Gasômetro entre os dias 2 e 3 de maio.

Entretanto, as cotas de cheia e inundação dos dois locais não é a mesma, devido aos desníveis. As autoridades, entretanto assumiram que a ação aconteceu “por praticidade, e impossibilidade de melhor levantamento topográfico”. “Diversos estudos necessários para a amarração das estações não tinham como ser realizados”, afirmou o hidrólogo da Sala de Situação do RS, Pedro Camargo. “Para registro histórico, a transposição dos dados observados na Usina do Gasômetro para a estação Cais Mauá C6 pode ser objeto de avaliação, sendo que isso necessariamente não incorre em erro”, acrescenta, dizendo ainda que “as premissas assumidas não incorreram em prejuízo à sociedade, uma vez que os alertas já haviam sido emitidos tempestivamente”.