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“Estou muito triste por decepcionar os meus pais”, afirmou ao Globo, o candidato Bruno Guimarães, desclassificado do Enem no último domingo (5). Residente em Belém, Pará, o rapaz de 18 anos foi surpreendido pelo toque de seu celular, que mesmo devidamente armazenado e selado, ativou-se durante o exame.
Bruno narrou que havia desativado o dispositivo antes do início do teste, mas devido a um defeito, o telefone ligou-se automaticamente. Às 16h, inesperadamente, o alarme que usualmente o auxiliava nos estudos de fim de semana soou. Até então, ele já havia completado a redação, que considerou “um dos temas mais tranquilos para abordar”.
“Cheguei a citar a filósofa Djamila Ribeiro e o escritor Ariano Suassuna. Eu fui totalmente [preparado] para o Enem, achei um tema muito fácil”, disse ele, que pretende cursar engenharia civil ou educação física
“Me preparei o ano todo, estou estudando desde o começo. Sou aluno de escola pública, mas faço cursinho por fora, e sei o quanto foi difícil [para os meus pais] me manter lá.”, seguiu
O jovem expressou frustração por ter se dedicado intensamente e ter sua chance comprometida pelo incidente com o alarme. Ele pondera sobre tentar o exame novamente no próximo ano, embora tema que “não possua mais” a mesma qualidade de preparo que teve este ano.
“Poucos têm a oportunidade de pagar um cursinho sendo aluno de escola pública. Meus pais estão muito decepcionados, porque foi um ano de estudos jogado fora. E um ano de atraso na vida de um estudante”, declarou ele, que classificou o momento como “o dia mais triste da vida”.
‘Dois anos em cinco minutos’
Em outro caso, em Ariquemes, Rondônia, Gabriel Felipe Morais, também com 18 anos, enfrentou desqualificação na mesma data. Recém-formado no ensino médio, com o sonho de ingressar em medicina, ele investiu em um curso preparatório dispendioso durante o ano. Canhoto, sentou-se inicialmente em uma carteira destinada a destros até que uma fiscal lhe ofereceu um assento apropriado.
“Eu aceitei, e só depois vi que tinha um papel debaixo da mesa. Fiquei com medo dela achar que era meu e que eu estava colando, então decidi esconder. Quando estava terminando a prova, as fiscais viram que o papel estava em cima da mesa. Eu expliquei o que houve, e elas chegaram a ver que não era meu. Levaram para a coordenadora, mas não teve jeito.”, disse
Apesar disso, Gabriel pretende comparecer no próximo fim de semana para realizar a prova, como uma questão de princípio, mas planeja esperar mais um ano para nova tentativa. Na próxima vez, contudo, prevê que terá que conciliar os estudos com algum trabalho.