Divulgação/Polícia Civil
Na manhã desta segunda-feira, uma força-tarefa composta por policiais civis do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) desencadeou a “Operação Golpe de Estado” com o propósito de desmantelar uma organização criminosa enraizada no bairro Mário Quintana, na zona Norte de Porto Alegre. Mais de 200 agentes da Polícia Civil estão executando 38 ordens judiciais de busca e apreensão domiciliar, abrangendo o Rio Grande do Sul, incluindo seis casas prisionais gaúchas, e Santa Catarina. A ação inclui também 16 ordens de prisão preventiva e o bloqueio de dezenas de contas bancárias, todas direcionadas aos líderes do grupo.
Origens e Atividades Financeiras da Facção
De acordo com as informações obtidas, a facção sob investigação teve seu surgimento no bairro Bom Jesus, zona Leste, e expandiu suas operações para a zona Norte. Os traficantes, conforme apurado, estavam movimentando cerca de R$ 1 milhão a cada semana a cada dez dias, principalmente através do tráfico de drogas. A investigação revela que o grupo adquire substâncias ilícitas diretamente de países produtores, como Paraguai, Bolívia e Peru, distribuindo-as em larga escala não apenas na capital, mas também na região metropolitana e interior do estado.
O delegado Gabriel Borges, titular da 3ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico, explicou que um dos alvos é um criminoso que desertou da facção e se uniu a traficantes rivais, formando uma nova quadrilha. Segundo Borges, a operação visa não apenas neutralizar as lideranças do grupo, mas também interromper suas atividades financeiras ilícitas.
História do Conflito e Pivôs Identificados
De acordo com o jornal Correio do Povo, o pivô dos conflitos no bairro Mário Quintana, identificado como Maicon Donizete Pires dos Santos, conhecido como ‘Red‘, é apontado como figura central pela investigação. Antes de abandonar a facção original, ele desempenhava o papel de gerente, subordinado a José Dalvani Nunes Rodrigues, o ‘Minhoca’, que foi preso em 2016 em Ciudad del Este, no Paraguai. Minhoca, condenado a mais de 25 anos de prisão, foi transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em 2017.
As investigações destacaram que a ausência do líder ‘Minhoca’ permitiu que ‘Red’ ampliasse sua influência na zona Norte, levando-o a desvincular-se do grupo original e formar uma nova quadrilha. Desde então, ele teria se aliado a traficantes das vilas Jardim e Cruzeiro, além de grupos do Loteamento Timbauva, para enfrentar o poder bélico da antiga facção.
Conforme revelado pela reportagem do Correio do Povo, três líderes dessas facções foram interrogados na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). No entanto, todos negaram qualquer envolvimento no confronto.