Arquivo pessoal
A família do renomado escritor gaúcho Caio Fernando Abreu fez uma descoberta notável ao encontrar um poema inédito do autor entre os pertences de um parente, em uma casa situada na encantadora cidade de Gramado, na Serra. Caio, nascido em Santiago e celebrado como um dos mais destacados autores do Brasil, nos deixou em 1996, mas seu legado literário permanece vivo.
De acordo com Márcia de Abreu Jacintho, irmã de Caio, o poema, ainda sem título e cuidadosamente escrito em um papel decorado, é uma homenagem ao sítio em Gramado onde o escritor se hospedou em 1989. Naquela época, Caio residia em São Paulo e veio ao Rio Grande do Sul para participar do Festival de Cinema da cidade serrana. A convite de Luiz Jacintho, sogro de Márcia, o escritor expressou sua gratidão pela hospitalidade através destas palavras poéticas:
“No meio do silêncio e do verde
A presença de Deus fica mais clara.
Essa luz ilumina os porões da mente, desfaz o mofo, espanta os fantasmas.
Com cuidado, chamo a isso de ‘felicidade’
Ela pousa, muito leve, no telhado dessa casa.”
A família já tinha conhecimento da existência desses versos, porém, o original havia permanecido oculto até o início de setembro, quando o papel foi encontrado entre os pertences da filha do proprietário da propriedade.
O poema também foi encaminhado para a agência que representa o legado literário do autor. Segundo Márcia, a família não tem conhecimento de que existam mais textos inéditos de Caio.
Caio Fernando Abreu nos deixou em 25 de fevereiro de 1996, em Porto Alegre, devido a complicações relacionadas à AIDS. Entre suas obras mais notáveis, destacam-se as coletâneas de contos “Morangos Mofados,” de 1982, e o romance “Onde Andará Dulce Veiga?” de 1990.