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No último domingo (27), o apresentador de TV, Fausto Silva, mais conhecido como Faustão, passou por um transplante de coração bem-sucedido. A notoriedade do caso decorre do curto período que o apresentador ficou na lista de espera do Sistema Único de Saúde (SUS), considerando que a média de espera para este tipo de transplante pode chegar a 18 meses. A informação sobre a necessidade do transplante de Faustão foi divulgada apenas uma semana antes, no dia 20.
Critérios técnicos no transplante de coração: A experiência de Faustão
Daniela Salomão, a Coordenadora-Geral do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), explicou que a agilidade na alocação do órgão para Faustão foi decorrente de critérios estritamente técnicos. Em entrevista ao GZH, Salomão detalhou que o tipo sanguíneo B do apresentador foi um fator crucial para acelerar o processo.
“Em ordem de prioridade, ele estaria abaixo de pacientes que viessem a necessitar de um transplante tipo B por retransplante, por balão intra-aórtico ou por uso de droga vasoativa há mais tempo que ele. Mas, neste momento, em São Paulo, não havia nenhum paciente nestas condições e, por isso, quando houve a doação e o lançamento no sistema dos dados do doador, a seleção gerada pelo sistema colocou o Fausto Silva como prioridade”, elucidou Salomão.
Além do tipo sanguíneo, outros critérios, como a compatibilidade física entre o doador e o receptor, foram decisivos. O estado de saúde precário de Faustão, já diagnosticado com cardiopatia isquêmica, infarto e síndrome cardiorrenal, também contribuiu para sua priorização.
O SNT é uma estrutura automatizada com quase 30 anos de funcionamento, tendo realizado milhões de transplantes. “É difícil acreditar, mas é verdade. É um sistema automatizado e gerenciado por critérios técnicos. Não é um sistema que tem uma pessoa ali decidindo, não é uma planilha. É um sistema que gerencia o processo de doação e transplante no país, tecnicamente. Então, na hora que ele gera a lista ele não sabe quem é, não sabe que o Fausto é apresentador, não sabe da fama e nem do dinheiro que ele tem. Nem dele e nem de outro brasileiro que esteja na lista de transplante. Não sabe qual é a religião do paciente, qual é a raça, nada disso. São critérios técnicos para decidir quem é que vai receber aquele órgão”, enfatiza.
Aumento na procura por doações de órgãos
Curiosamente, a visibilidade do transplante de Faustão gerou um aumento na procura por informações sobre doações de órgãos. Só em São Paulo, na última semana, ocorreram sete transplantes, um número significativo, de acordo com Salomão.