Fábio Mazim / Divulgação
Uma descoberta inédita agita a comunidade científica no Rio Grande do Sul. Pela primeira vez na história, pesquisadores conseguiram fotografar um raro gato-palheiro-pampeano na cor preta, uma espécie típica e selvagem do Pampa. O felino é um dos mais ameaçados de extinção no mundo, com estimativas apontando para a existência de menos de cem animais vivendo na região do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.
A imagem foi capturada em julho de 2021, nas terras do Comando Militar do Brasil, localizado entre Rosário do Sul e Cacequi, na Fronteira Oeste do Estado. No entanto, somente agora, nesta sexta-feira (28), o estudo científico com a descrição detalhada da descoberta foi publicado na revista científica Biota Neotropica e divulgado pela Agência Bori de comunicação científica.
O gato-palheiro-pampeano, também conhecido como gato-dos-pampas, pode atingir quase 1 metro de comprimento e pesar até 3,5 kg. Até então, a ciência possuía apenas sete fotografias desse felino e nem sequer suspeitava da existência de uma variante na cor preta. Essa coloração incomum é resultado de uma mutação genética chamada de “melanismo”, que provoca o excesso de pigmentação. A cor original do felino é acinzentada.
A conquista de registrar o animal na cor preta exigiu um grande esforço dos pesquisadores. Eles posicionaram nove câmeras ativadas com sensores de movimento e temperatura em pontos distantes de áreas de campos nativos, preservados de atividades agrícolas. As câmeras trabalharam incessantemente por 1.080 dias até finalmente capturarem o felino em sua versão preta.
A fotografia foi obtida pelo zoólogo Fábio Dias Mazim, da ONG Instituto Pró-Carnívoros e da empresa Ka’aguy Consultoria Ambiental, em parceria com biólogos e veterinários de diversas instituições, incluindo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).