Foto: Arquivo Pessoal
Um político que enfrenta um indiciamento criminal por supostamente encomendar um atentado contra um jornalista, em fevereiro deste ano, recebeu um cargo de chefia no governo estadual. Micael Carissimi (MDB), ex-secretário de Obras e Administração da Prefeitura de Garibaldi, na Serra, foi nomeado coordenador da assessoria de gabinete da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado. A indicação para o cargo foi feita por Vilmar Zanchin, presidente da Assembleia Legislativa.
A nomeação foi publicada no Diário Oficial em 5 de maio, e Carissimi foi anunciado como ocupante do cargo pela secretária da pasta, Simone Stülp, em uma postagem nas redes sociais. O salário bruto para o cargo de comissário superior será de R$ 14.449,00. Até 17 de março, ele era assessor especial na Secretaria de Administração Penitenciária, com um salário de R$ 18.637,10.
De acordo com o inquérito policial, Micael Carissimi é suspeito de ser o mandante do ataque ao jornalista Daniel Carniel, em Garibaldi, no dia 14 de janeiro deste ano. O jornalista foi agredido quando estava chegando para apresentar um programa de televisão na cidade. As câmeras de segurança registraram dois homens, também indiciados pelo ataque, em frente ao prédio. No vídeo, é possível ver um homem com uma mochila se afastando e o agressor, de máscara, entrando no local.
Durante depoimento à Polícia Civil, o agressor afirmou que recebeu R$ 500 de um terceiro, supostamente contratado pelo ex-secretário, para cometer a agressão ao jornalista.
O inquérito que resultou no indiciamento por lesão corporal está sob análise do Ministério Público, que solicitou uma perícia complementar para avaliar a gravidade das lesões sofridas pelo jornalista antes de decidir se apresenta uma denúncia contra o político ou encerra a investigação.
Além do indiciamento criminal, o coordenador da secretaria também foi alvo de investigação na Operação “Caementa”, que apura suspeitas de fraude em licitações durante sua gestão como secretário de Obras em Garibaldi. Carissimi foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva e por suposta participação em uma organização criminosa.
Durante uma operação realizada em novembro de 2018, agentes federais encontraram R$ 10 mil em dinheiro dentro do carro do então secretário, além de R$ 162,5 mil em sua residência. De acordo com o relatório, “os valores estavam acondicionados em envelopes identificados com o nome da empresa Concresart Tecnologia em Concretos LTDA”.
De acordo com a Justiça Federal, o caso está em fase de investigação, e ainda não houve uma análise do indiciamento pelo Ministério Público Federal. A mesma operação motivou a abertura de um inquérito civil pelo MP-RS, que ainda está em andamento. O coordenador da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação é suspeito de receber pagamentos regulares da usina de concreto.