(Crédito: Reprodução/TV Globo)
Há 15 anos, um padre do Paraná resolveu utilizar balões de gás hélio para um voo até o Mato Grosso do Sul, em uma aventura que teve um final trágico. Adelir de Carli, que ficou conhecido como “padre do balão”, saiu da cidade de Paranaguá, com diversos equipamentos de navegação, porém nunca mais foi encontrado com vida.
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O dia 20 de abril de 2008 ficou marcado na memória dos fiéis que se despediram do pároco naquela tarde nublada, e dos brasileiros que acompanharam a repercussão pelos meios de comunicação. Os restos mortais de Adelir foram encontrados no mar, no estado do Rio de Janeiro, meses depois.
Como foi o voo
Sob chuva, o pároco celebrou uma missa e mesmo com o céu nublado e tempo instável, resolveu seguir com o voo. Às 13h, do dia 20 de abril de 2008, utilizando uma cadeira segurada por mil balões, Adelir subiu ao céu na cidade de Paranaguá, no Paraná. O objetivo era chegar a Dourados, em Mato Grosso do Sul, 20 horas depois.
O padre utilizava capacete, roupas impermeáveis, traje de voo térmico e coletes salva-vidas e paraquedas. Entre os equipamentos de voo estavam um aparelho de GPS, um celular e um telefone por satélite. Além disso, Adelir levou alimentos e água.
Em vinte minutos, o padre atingiu 5,8 mil metros acima do nível do mar. A altitude era quase o dobro do que estava previsto e causou surpresa na equipe que o acompanhava em terra.
“Graças a Deus estou bem de saúde, consciência tranquila, tá muito frio aqui em cima, mas tá tudo bem”, disse o padre.
Mau tempo o teria levado em direção ao mar
Adelir comentou pelo rádio comunicador que as condições climáticas eram desfavoráveis e citou problemas com o dispositivo de navegação GPS:
“Eu preciso entrar em contato com o pessoal para que eles me ensinem a operar esse GPS aqui para dar as coordenadas de latitude e longitude que é a única forma que alguém por terra possa saber onde eu estou. O celular via satélite fica saindo de área e além do mais a bateria está enfraquecendo”, disse.
O último contato do padre com a Polícia Militar aconteceu às 21h do mesmo dia. Conforme as autoridades, ele estava a cerca de 25 quilômetros do município de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. A cidade catarinense fica a mais de 150 km de distância do local de decolagem e no lado oposto ao destino do padre. As investigações apontaram que o mau tempo o teria levado em direção ao mar.
Em 4 de julho de 2008, restos do corpo de Adelir de Carli foram encontrados no mar próximo à costa de Maricá, no Rio de Janeiro. Um exame de DNA confirmou a identidade do padre paranaense. O sepultamento aconteceu em sua cidade natal, Ampére.
Padre era paraquedista experiente
Conforme a RPC, do Paraná, Adelir era paranaense de Ampére, nascido em 8 de fevereiro de 1967 e morava em Paranaguá. Ele se tornou padre em 2003 e no ano seguinte criou um projeto de prestação de serviços a caminhoneiros da região, conhecido como a Pastoral Rodoviária.
O objetivo de Adelir com o voo em balões era chamar a atenção e arrecadar dinheiro para as obras de um espaço de descanso para motoristas que passavam pela cidade portuária. Ele era um paraquedista experiente e ficou conhecido por outras aventuras aéreas e pelo trabalho com os direitos humanos.
Do Paraná até a Argentina com balões de hélio
Cerca de três meses antes da última viagem, Adelir realizou um voo experimental até a Argentina utilizando balões de hélio. Em uma viagem que durou quatro horas, no dia 13 de janeiro de 2008, o pároco saiu da sua cidade natal, no Paraná, e viajou até San Antonio, em território argentino. Na ocasião, Na ocasião, foram utilizados 600 balões de gás hélio, a uma altitude de 5.300 metros que percorreram uma distância de 25km.
Após essa meta atingida, o objetivo do padre era ficar 20 horas no ar para quebrar o recorde deste tipo de voo. A marca pertencia a dois americanos que completaram 19 horas de voo com balões de gás hélio.